REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DOS ADOLESCENTES EM SITUAÇÃO DE DOENÇA RENAL CRÔNICA SOBRE O ADOECIMENTO E O CUIDADO / SOCIAL REPRESENTATIONS OF ADOLESCENTS IN SITUATION CHRONIC KIDNEY DISEASE ON Illness and CARE

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

23/02/2007

RESUMO

A doença representa uma crise marcante na vida de adolescentes, principalmente, naqueles com doenças crônicas, pois estão em fase de crescimento e desenvolvimento e são vulneráveis ao processo de adoecimento, sendo importante a compreensão desse fenômeno para o acompanhamento desses adolescentes, tanto em seu processo fisiológico, como nas demandas psicossociais. Os adolescentes com insuficiência renal crônica precisam de atenção especial, pois apresentam uma demanda de cuidados e necessidades de mudanças de hábitos e atitudes que repercutem em sua vida pessoal e social. Frente a essas condições dinâmicas e interacionais vivenciadas pelos adolescentes, eles elaboram representações sobre sua condição de saúde e cuidado. O estudo teve como objetivo apreender as representações sociais dos adolescentes em relação a ser portador de insuficiência renal crônica no contexto do cuidado familiar e profissional, destacando o itinerário terapêutico na doença renal crônica na perspectiva dos sujeitos investigados. Pesquisa com abordagem multimétodo, tendo como matriz teórica as Representações Sociais, sendo realizada de julho a outubro de 2006 em dois locais: uma clínica de diálise particular que mantém convênio com o Sistema Único de Saúde (SUS), localizada na cidade de Fortaleza-Ceará e em um hospital público de nível terciário localizado no mesmo município. Os informantes do estudo foram adolescentes portadores de insuficiência renal crônica, submetidos ao programa de diálise, bem como adolescentes em processo de adoecimento, mas que não eram renais crônicos. Na primeira fase da coleta de dados foi utilizado o teste de associação livre de palavras com 70 adolescentes (cinqüenta adolescentes renais crônicos e vinte adolescentes não renais crônicos) e na segunda fase foi utilizada a entrevista com um roteiro semi-estruturado aplicada a dez adolescentes com insuficiência renal crônica. Os dados apreendidos através do teste de associação livre de palavras foram analisados por meio do tri-deux-mots que faz a análise fatorial de correspondência. Essa análise buscou compreender a natureza e a estrutura das associações das palavras agrupadas de acordo com suas variações semânticas revelando aproximações e oposições. Um contingente de 1630 palavras foram evocadas pelos participantes da pesquisa em resposta aos estímulos indutores doença, saúde, diálise, cuidado de si, cuidado profissional e cuidado familiar com a ocorrência de 296 termos diferentes. Os dados obtidos através das entrevistas foram organizados a partir do método de análise de conteúdo proposto por Bardin. Percebeu-se nesse estudo que a IRC acarreta transformações que extrapolam os limites do corpo e se manifestam no seu modo de vida e nas relações sociais, pois a presença de uma doença crônica na vida de uma pessoa provoca alterações significativas, que repercutem no contexto social. Diante do exposto, constatamos nessa pesquisa que adolescente com IRC conta com a participação e colaboração de uma rede social de apoio (família e trabalhadores de saúde) que o ajudam nesse processo de cuidar, englobando além de práticas de cuidados, uma relação psicoafetiva que se constrói através da interação e comunicação. Pôde-se identificar que a mãe é a principal cuidadora e que os demais familiares (pais e irmãos) são coadjuvantes nesse processo de cuidado. Conclui-se que ambos os instrumentos apontaram para uma representação social do adolescente em situação de doença renal crônica focalizada nas significações da doença, do adoecimento e do cuidado, marcada pela indissociabilidade entre as práticas de cuidado e as relações psico-afetivas que emergem dessa interação. Em síntese, os dados apreendidos entre os jovens acerca do cuidado em situação de doença renal crônica são permeados de conhecimentos do senso comum que se intercalam com o científico, e a forma como tais adolescentes o significam, mostra como o fenômeno influencia as suas formas de perceberem os cuidados tanto familiares como profissionais.

ASSUNTO(S)

adolescentes insuficiência renal crônica representações sociais. enfermagem teenagers severe renal disease social representations care.

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