Representações sociais das famílias sobre Violência física na infância: como froma de educação

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2006

RESUMO

Trata-se de estudo sobre violência física praticada contra a criança, sob a ótica dos pais ou responsáveis. Foram utilizados como base os fundamentos teóricos e metodológicos das representações sociais (RS). Constituíram-se dois corpus de pesquisa. Num primeiro momento, foram abordados mães, pais ou responsáveis de crianças em idade pré-escolar e escolar, sem queixas institucionais de violência física contra os filhos. Esta etapa se realizou em um centro de saúde de Belo Horizonte. Num segundo momento, foram abordados mães, pais ou responsáveis que já haviam sido formalmente denunciados por maus-tratos a crianças ou adolescentes e que se encontravam sob tutela. Esta abordagem se realizou com o auxílio de um programa da Secretaria do Bem Estar e Ação Social da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte, que visa, dentre outros aspectos, o bem estar familiar. O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UFMG (COEP) e pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Secretaria de Saúde da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte (CEP SMSA/PBH). Os participantes foram convidados a falar sobre educação de crianças e necessidade de se estabelecer limites às mesmas: o que pensavam e como eram suas experiências. Optou-se pela entrevista semi-estruturada por esta ser considerada uma técnica de coleta de informações adequada aos objetivos do estudo. Para a análise das entrevistas, utilizou-se a análise do discurso (AD). Os roteiros de entrevistas semi-estruturadas foram constituídos por perguntas distintas, mas ambos os corpus sofreram os mesmos agrupamentos em quatro grandes temas, os quais foram divididos em categorias, que sofreram ou não subcategorizações. Os temas levantados foram: o que significa educar os filhos, formas de educar, percepção sobre castigo físico e o que motiva o castigo físico. Os resultados indicam que, no que se refere ao significado de educar, no imaginário social há uma mistura dos conceitos de educação, criação e cuidado. As formas de educar apresentaram-se variadas em ambos os corpus e passam por questões como estabelecer regras para manutenção da autoridade, conversar e aplicar castigos não físicos ou físicos. A transmissão cultural mostrou-se como um forte componente no processo de educar. Percebe-se a tradição no meio familiar, sendo que esta nem sempre é consciente. As atitudes dos pais se realizam segundo uma ação ou reação às formas de relações passadas. Observa-se grande aceitação da prática de castigo físico em crianças, o qual nem sempre é percebido como atitude violenta. Constata-se a existência de subnotificações dos casos de maus-tratos, pois no corpus 1 há relatos de violência (varadas, correadas, etc.), sendo que não houve denúncia formal em nem um dos casos. Todos os entrevistados reconhecem que já aplicaram castigo físico em suas crianças, mesmo os que se manifestam contrários a essa prática. Observa-se uma realidade dura e perversa imposta a algumas crianças. Em muitos casos, o lar e a família não lhes oferecem segurança, proteção e carinho.

ASSUNTO(S)

relações pais-filho decs tese da faculdade de medicina. ufmg violência doméstica decs violência decs criança decs criança e violencia educação decs

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