Representações sociais da violência doméstica: qualidade de vida e resiliência entre mulheres vítimas e não vítimas

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2011

RESUMO

O objetivo da presente tese foi apreender as representações sociais da violência doméstica elaborada por mulheres vítimas e verificar as implicações de suas representações na qualidade de vida e resiliência, comparando estes construtos a partir de mulheres que não sofreram violência. Verificou-se também os princípios que deram origem à variabilidade das RS da qualidade de vida e resiliência no grupo das mulheres vítimas e não vítimas de violência doméstica. Este estudo se fundamentou nos aportes teóricos da teoria das Representações Sociais (Moscovici, 2003; Doise, 1992) por permitir apreender um conhecimento elaborado e partilhado por mulheres em situação de violência doméstica e compreender as ancoragens sociais que fomentam este fenômeno. Foi realizada uma pesquisa de campo em um serviço de saúde pública na cidade de João Pessoa, no qual atende mulheres de uma forma geral e possui um centro especializado no acolhimento à mulheres vítimas de violência doméstica. Participaram da pesquisa 150 mulheres, com idades variando entre 18 e 53 anos, com renda de até um salário mínimo, sendo 70 vítimas e 80 não vítimas de violência doméstica, que foram identificadas a partir de um questionário rastreador da violência. Além deste instrumento, as mulheres responderam a um questionário sócio-demográfico, a escala de qualidade de vida (Whooqol-brief) e a uma escala de resiliência (Pesce et al, 2005). Das 70 mulheres vítimas de violência, obedecendo ao critério de saturação (Sá, 1998), 27 responderam às entrevistas semi-estruturadas, que foram analisadas por meio da análise de conteúdo temática (Bardin, 2010). Os questionários e as escalas foram analisadas por meio do pacote estatístico PASW, utilizando-se da estatística descritiva e inferencial. Os resultados apontaram que as mulheres vítimas de violência elaboraram RS complexas e reveladoras, nas quais apontaram que a violência atinge a família como um todo e é objetivada como um elemento ameaçador e destrutivo. Elaboraram RS ambivalentes acerca do agressor entre ancoragens negativas e afetivas nas quais fomentam o ciclo da violência, que é gerado principalmente a partir das relações de poder. As mulheres vítimas demonstraram grande sofrimento psíquico com conseqüências negativas de ordem bio-psico-social porém apontaram indícios de resiliência quanto às perspectivas de futuro. No estudo comparativo, a partir da mensuração da escala de qualidade de vida, observou-se escores significativamente menores no grupo das mulheres vítimas em relação às não vítimas de violência em todos os domínios, apontando princípios que geraram esta variabiliadde focados nos aspectos laborais, auto-estima e relações sociais. No que tange à resiliência, os dois grupos obtiveram altas médias não havendo diferença significativa nos domínios a partir da condição de vítima. Em suma, verificou-se que o fenômeno da violência doméstica possui suas ancoragens sociais na dominação masculina e submissão feminina e traz sérias conseqüências para a saúde das vítimas, contudo verificou-se que estas possuem algum recurso interno no que tange às formas positivas de enfrentamento deste fenômeno.

ASSUNTO(S)

violência mulher representações sociais qualidade de vida resiliência psicologia social violence woman social representations quality of life resilience

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