Representações lexicais da língua de sinais brasileira : uma proposta lexicográfica

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2009

RESUMO

A expansão lexical e terminológica da LSB se dá de forma ordenada, a partir da combinação de entidades morfológicas que compõem o lexicón dessa língua, sistematizado nesta pesquisa. Compõem esse lexicón: (a) os parâmetros, constituintes de unidades lexicais simples da LSB, a saber, Configuração de Mão (CM), o Ponto de Articulação (PA), o Movimento (Mov.) e os parâmetros complementares: Orientação da Palma da Mão (OP) e Expressões Não-Manuais (ENM) que englobam as expressões faciais e as expressões corporais; (b) os classificadores; (c) os morfemas-base; (d) as unidades lexicais emprestadas de outras línguas de sinais; (e) os elementos prototípicos, especialmente aqueles em posições mais centrais de categorias; (f) as metonímias e os conceitos metafóricos que envolvem metáforas estruturais, ontológicas e orientacionais; (g) os ícones lingüísticos e (h) os empréstimos de letras da LP transliteradas para CMs específicas na LSB, que podem acontecer com todas as letras da palavra, por uma parte delas ou pela inicial. Com o objetivo de compreender essa expansão, os processos de denominação de categorias e de construção dos classificadores da LSB para organizar entradas, nos repertórios lexicográficos da LSB, esta pesquisa se fundamenta nos preceitos de duas disciplinas: (i) na lexicologia, representada pela análise teórica da categorização em LSB, dos processos de constituição e da construção do léxico da LSB, da teoria semântica dos protótipos, da análise dos classificadores e (ii) na lexicografia, representada por uma parte teórica associada à análise de dicionários existentes, a partir dos pressupostos teóricos da lexicografia, e à análise da representação iconográfica do léxico da LSB. A proposta lexicográfica, apresentada nesta pesquisa, contempla a organização semasiológica de repertórios lexicográficos, com base numa proposta de ordenação dos parâmetros constituintes da LSB e de princípios regidos por continua que acarretam uma organização dos parâmetros da LSB, alicerçados em princípios que vão: (a) do mais visível para o menos visível; (b) do mais próximo para o mais distante; (c) do mais alto para o mais baixo; (d) do menor para o maior; (e) do mais simples para o mais complexo; (f) do mais comum para o menos comum; (g) do mais fechado para o mais aberto; (h) do sem-movimento para o com-movimento; (i) do menos especializado para o mais especializado; (j) do mais primitivo para o mais derivado; (k) do mais prototípico para o menos prototípico. A organização onomasiológica foi proposta com base numa ordenação prototípica. Dois modelos práticos de repertórios são apresentados para contextos bilíngües adequados à interface da LSB com a LP: um GLOSSÁRIO DIDÁTICO VISUAL DE CLASSIFICADORES EM LSB (em formato de DVD), que se encontra sob uma organização onomasiológica, e um modelo de GLOSSÁRIO TERMINOLÓGICO DE LINGÜÍSTICA EM LSB, sem definições e com equivalentes, organizado de modo semasiológico com ordenação paramétrica. Pretende-se, com esta proposta, oferecer caminhos para a elaboração de multimeios e para a confecção de dicionários, entre outros materiais didáticos. Esta tese, enfim, nas duas facetas de representação que a compõem, pode servir de base para o próximo passo: confeccionar repertórios lexicográficos completos que sirvam de suporte à educação de surdos. De acordo com o caminho percorrido, esta pesquisa busca defender a tese de que os léxicon-constituintes da Língua de Sinais Brasileira (LSB) são entidades morfológicas que atuam na construção do léxico, como princípio ordenado de expansão lexical e terminológica. Dois postulados sustentam a tese: i) o de que as entidades morfológicas são mecanismos lingüísticos, que, associados, compõem, derivam e adaptam palavras emprestadas de línguas orais e de outras línguas de sinais para a LSB; e ii) a aplicação dos mecanismos morfológicos de construção lexical é condição necessária para a organização de entradas lexicográficas em dicionários da LSB, monolíngües e bilíngües, tanto de natureza semasiológica quanto onomasiológica. Uma das motivações para nossa pesquisa foi o ingresso de Surdos brasileiros em cursos de nível superior de ensino, o que lhes permite não só o acesso ao conhecimento científico, mas também promove a necessidade de expansão terminológica da língua de sinais brasileira (LSB) para melhor compreensão desse conhecimento. Os repertórios terminográficos podem ser vistos como portais para o acesso dos surdos à informação científica e técnica, além de serem recursos eficientes e imprescindíveis para a aquisição da competência lingüística, comunicativa e sócio-cultural dos surdos.

ASSUNTO(S)

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