Repercussões do fechamento da Unidade de Desintoxicação do Hospital Psiquiátrico São Pedro

AUTOR(ES)
FONTE

Revista de Psiquiatria do Rio Grande do Sul

DATA DE PUBLICAÇÃO

2003-08

RESUMO

INTRODUÇÃO: A lei de reforma psiquiátrica prevê substituição de leitos em hospitais psiquiátricos por leitos em hospitais gerais, e o fechamento da unidade de desintoxicação do Hospital Psiquiátrico São Pedro está de acordo com estes princípios. OBJETIVOS: Mensurar se aumentou a prevalência de dependentes químicos internados em unidades de psicóticos deste hospital antes e depois do fechamento da unidade de desintoxicação e se aumentaram as recusas de vagas para internação. MÉTODO: Estudo transversal, com amostra não aleatória, dividida em: Grupo 1, com todos os pacientes internados em unidades que atendem adultos masculinos três meses antes do fechamento e Grupo 2, com todos os internados, nestas unidades, nos três meses posteriores. Analisou-se o número de vagas recusadas para dependentes químicos. Realizou-se um levantamento retrospectivo em registros e prontuários. RESULTADOS: A amostra foi de 135 do Grupo 1 e 126 do Grupo 2 (n=261). No Grupo 1, 15,6 % tinham o diagnóstico de dependência química e, no Grupo 2, 22,2 %. Aumentaram as internações de dependentes químicos sem co-morbidades psiquiátricas (X²=4,497; p=0,033) e o número dos que ficaram sem vaga (X²=154,40; p=0,0000). DISCUSSÃO: Após o fechamento, houve um aumento de dependentes químicos, sem co-morbidades psiquiátricas que internaram em unidades de psicóticos, sendo privados de atendimento especializado. Também se observou um aumento de desassistidos, o que fere a reforma psiquiátrica. CONCLUSÃO: A Reforma Psiquiátrica deve ser uma meta a ser seguida pelos profissionais da saúde; no entanto, não se pode esquecer das necessidades específicas dos pacientes nem desconsiderar os aspectos técnicos.

ASSUNTO(S)

dependência química reforma psiquiátrica desinstitucionalização

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