Repensando a escolha racional e a teoria da agência: fazendeiros de gado e capatazes no século XIX

AUTOR(ES)
FONTE

Revista Brasileira de Ciências Sociais

DATA DE PUBLICAÇÃO

2000-06

RESUMO

O artigo explora o valor e os limites da teoria da agência por meio da comparação das relações entre fazendeiros de gado e capatazes no Rio Grande do Sul e em Buenos Aires nas primeiras décadas do século XIX. Considera que a teoria da agência e a abordagem da escolha racional baseiam-se em uma teoria da ação deficiente, pressupondo atores pré-sociais, que usam uma racionalidade universal, embora possam ser úteis para identificar certos dilemas centrais na relação entre principal e agente e para delimitar o conjunto das soluções viáveis. Como os atores geralmente não tentam otimizar suas escolhas, mas buscam soluções satisfatórias para os problemas que encontram, somente a história e a cultura explicam a "escolha" de um dos arranjos viáveis e não de outro. O contexto e a experiência se internalizam no habitus e na consciência prática dos atores, que moldam a definição dos problemas e as estratégias para resolvê-los. Os fazendeiros estudados neste artigo abordavam questões semelhantes de agência de maneiras diferentes. Parte da divergência devia-se aos contextos, mas muito dela se relacionava aos habitus distintos, decorrentes da origem do portenho na classe dos grandes comerciantes coloniais, sem experiência rural, e da origem do gaúcho na elite dos militares fazendeiros, dependentes do Estado. Nos dois casos, a interação repetida através do tempo levou a mudanças importantes na relação entre fazendeiro e capataz, dificilmente explicáveis pela escolha racional.

ASSUNTO(S)

escolha racional teoria da agência fazendas de gado rio grande do sul buenos aires

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