Religiosidade e educação no contexto da pós-modernidade : da ambivalência da fixação e da flutuação à aporia do amor

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2007

RESUMO

Há um revival religioso no mundo. Alguns o interpretam como uma revanche do religioso após muito ateísmo. Outros, ao contrário, o interpretam como o seu último grito de vida. Nossa tese quer abordar a mútua interpenetração entre religiosidade, educação e pós-modernidade. A modernidade não soube dialogar com a religião e, ao mesmo tempo, a religião a condenou. Será que na pós-modernidade continuaremos com este estranhamento? Queremos apresentar pontos de encontro entre religiosidade e pós-modernidade para um diálogo eficaz entre ambos tendo em vista, sobretudo, a educação das novas gerações. Num primeiro momento procuraremos apresentar a modernidade com a descrição de algumas características fundamentais suas: a ciência linear, as metanarrativas e o pensamento forte, a história como progresso linear, a secularização religiosa, a ilustração e o código ético baseado na natureza humana. Como contraponto, num segundo momento, caracterizaremos a pós-modernidade como quebra deste paradigma: a complexidade e a ciência; a dissolução das metanarrativas e o pensamento fraco; o novo como fim da história; o niilismo e as chances da religião; o novo código ético aporético; a liberação da metáfora. Esta descrição nos coloca a questão se há ou não pós-modernidade. Procuraremos apresentar as visões de alguns autores importantes: Habermas, Giddens, Küng, Lyotard, Patella, Vattimo, Heidegger. Faremos uma análise do prefixo pós e suas diversas interpretações. Enfrentaremos, a seguir, a dimensão religiosa a partir do surgimento do novo paradigma do fim do fundamento e da metafísica, bem como da ética nãoambivalente e não-aporética. Nietzsche ao afirmar que Deus morreu pode-nos dar novas perspectivas para a religiosidade e a religião. Assim, se a metafísica não pode provar que Deus existe, também não pode provar o contrário. Agora começa o processo de construção de uma religião a partir da kénosis, do despojamento e da despretensão metafísica. Ao mesmo tempo, libertando-nos da unidimensionalidade da razão omniabrangente, a pós-modernidade abre a pessoa humana para dimensões perdidas, sobretudo da hospitalidade do outro e do diferente. A razão não morreu. Quem morreu foi o seu endeusamento. Finalmente, a partir do refletido, apresentamos a contribuição da educação para este diálogo entre religião, religiosidade, fé e pós-modernidade. Numa visão mais holística da pessoa humana também a educação é desafiada a educar as novas gerações na cultura da complexidade. Tudo e todos estamos interligados. O maior ponto de encontro é a defesa e a promoção da dignidade da vida, de qualquer vida. As novas gerações sabem que vivemos duas crises interligadas: a ecológica e a social. O caminho é a passagem da ambivalência da fixação e da flutuação para a aporia do amor. As religiões sabem de fixação. A pós-modernidade sabe de flutuação. O amor faz a síntese entre as duas. Afinal, com a vida tão ameaçada, ninguém pode se eximir de contribuir, denunciando e anunciando, para a geração de uma nova cultura. A educação, sobretudo a escolar, é desafiada a primar pela competência profissional, com a excelência como eficiência, mas também com a sensibilidade social, com a excelência como eficácia. É o racional se aliando com o intuitivo, a imaginação e a criatividade. Afinal, os pobres não podem mais sofrer e morrer sem viver uma vida de dignidade e de paz

ASSUNTO(S)

educacao educaÇÃo e religiÃo pÓs-modernidade religiosidade modernidade complexidade religiÃo e sociedade

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