Relationship between work and education and social question in Brazil : a reading of the pedagogical thinking of the National Confederation of Industry - CNI (1930-2000) / Relação trabalho-educação e questão social no Brasil : uma leitura do pensamento pedagógico da Confederação Nacional da Indústria - CNI (1930-2000)

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

04/06/2012

RESUMO

O presente trabalho discute a relação trabalho-educação e questão social no Brasil a partir da análise de documentos produzidos no período de 1930-2000 pelas lideranças industriais e pela CNI (Confederação Nacional da Indústria), principal intelectual coletivo da burguesia nacional. Tem como referencial teórico-metodológico o materialismo histórico, mais especificamente os estudos de Gramsci sobre Estado, classes sociais e hegemonia, destacando suas análises sobre o papel da escola nas sociedades capitalistas, sua crítica à escola interessada e a defesa da escola única de formação geral e humanista, entendida como a forma mais avançada de escola no quadro das lutas democráticas. Analisa a emergência de uma fração da classe dominante brasileira, os empresários industriais, no jogo político pós-1930, período de reorganização do Estado face à crise de hegemonia das oligarquias agroexportadoras. Mostra como se configurou o Estado corporativo e as exigências trazidas pelo projeto industrialista: o uso da legislação social e trabalhista no disciplinamento da classe trabalhadora; a preparação técnico-burocrática do executivo; a organização de aparelhos privados de hegemonia, como o IDORT, a CNI, o SENAI e o SESI e a influência destes na educação formal e não-formal da força de trabalho no Brasil. Demonstra, a partir de categorias gramscianas como "transformismo", "bloco histórico" e "hegemonia" que a materialização da revolução burguesa no Brasil se deu centrada no Estado, sendo este a expressão máxima do nível de compromisso firmado entre as classes dominantes cujos aparelhos de hegemonia foram articulados tanto para o exercício da repressão e controle da classe trabalhadora, quanto para alavancar acordos que favoreceram os empresários rendendo-lhes apoio financeiro para gerir com autonomia, por exemplo, serviços educacionais e assistenciais para trabalhadores. Avança analisando as conjunturas de 1950-1970, período que marca a integração do Brasil de forma subordinada ao capitalismo monopolista; a reorientação da política econômica sob a tese da teoria do capital humano e seus impactos nas reformas na educação básica e profissional. Discute a crise orgânica do "sistema capital" e seu reflexo no Brasil nas décadas de 1980-2000 e a reorientação do projeto burguês sob o neoliberalismo, os avanços proporcionados pelas novas tecnologias à produção e seus impactos na organização das forças produtivas e nas relações de trabalho, sendo a diminuição do número de empregos, um dos fatos mais relevantes para compreendermos a questão social hoje. Destaca, no quadro atual, as orientações das políticas educacionais, a ênfase a temas como competitividade, empreendedorismo e responsabilidade social, novas estratégias para a busca do consenso ativo das classes sociais face à crise de hegemonia vivida pelo capitalismo nos últimos anos. Por fim, ressalta o quanto é importante conhecermos as contradições que este sistema engendra, pois só assim seremos capazes de desvelar seu projeto político-ideológico e avançar na "guerra de posição" rumo à construção de um novo projeto societário.

ASSUNTO(S)

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