RELAÇÕES SOLO-VEGETAÇÃO EM ÁREAS SOB PROCESSO DE DESERTIFICAÇÃO NO ESTADO DE PERNAMBUCO / Relation between soils and vegetation in areas under desertification in Pernambuco State

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2007

RESUMO

A degradação das terras na região semi-árida resulta de processos naturais,que podem ser induzidos ou catalisados pelo homem através do uso inadequado dos recursos, produzindo a deterioração da cobertura vegetal, do solo e dos recursos hídricos. Visando relacionar os processos de degradação da vegetação e dos solos nas zonas do agreste e sertão de Pernambuco, foram caracterizados os solos e o recobrimento vegetal em doze parcelas representativas de ambientes preservados, moderadamente degradados e degradados, nos municípios de Jataúba e Floresta. Para caracterização da vegetação, os indivíduos foram classificados em três estratos verticais ou classes de altura: 3- indivíduos com altura superior a 3,0 m (lenhosas altas), amostrados em toda a área da parcela (200 m); 2- indivíduos com altura variando de 0,51 a 3,0m, amostrados em subárea de 100 m (lenhosas baixas); 1- indivíduos com altura igual ou inferior a 0,5m, amostrados em 18 miniparcelas de 25 x 50 cm (estrato da regeneração). Os solos foram caracterizados morfologicamente e as amostras coletadas por horizonte para realização dasanálises físicas, químicas e mineralógicas.Em Jataúba, a vegetação no 2 estrato vertical apresentou significativa diminuição da densidade absoluta em função da intensidade de degradação dos solos. As espécies com maiores densidades relativas foram: Neoglaziovia variegata (caroá) e Cordia leucocephala (moleque-duro), no ambiente conservado; Bromelia laciniosa (macambira), Aspidosperma pyryfolium (pereiro) e Caesalpinia pyramidalis (catingueira), no ambiente moderadamente degradado; e C. pyramidalis e Sida galheirensis (malva branca), no ambiente degradado. As características dos Planossolos melhor relacionadas com a vegetação preservada foram a maior espessura dos horizontes A + E e os teores mais elevados de carbono orgânico. A ocorrência de encrostamento superficial e erosão, bem como os elevados teores de sódio trocável, foram observados mais intensamente nos ambientes degradados,sendo mais severos onde a vegetação se encontrava mais esparsa. As associações entre os grupos de variáveis de vegetação e solo em Jataúba, obtidas com a análise de correlação canônica, indicaram que a presença de plantas mais altas e a maior densidade de lenhosas baixas protegem a superfície do solo da ação das gotas de chuva, reduzindo a formação e o endurecimento de crostas. Por outro lado, esta cobertura vegetal parece exigir do solo um maior fornecimento de nitrogênio para suprir as suas necessidades nutricionais e para decompor resíduos orgânicos incorporados, promovendo uma redução nos teores de N-total. Em Floresta, a vegetação apresentou significativa redução na densidade em função da intensidade de degradação dos solos, para todos os estratos verticais avaliados. C. pyramidalis foi a espécie dominante no 3 estrato vertical em todos osambientes. As espécies com maiores densidades relativas foram: C. leucocephala e Croton mucronifolius, no ambiente conservado; Malvastrum coromandelianum, A.pyryfolium e Melochia tomentosa (capa-bode), no ambiente moderadamente degradado; e M. coromandelianum e C. pyramidalis, no ambiente degradado. As características dos Luvissolos melhor relacionadas com as áreas degradadas foram: a diminuição da profundidade dos perfis, a redução da espessura do horizonte superficial ou sua eliminação total, a intensificação dos processos erosivos, bem como os elevados teores de sódio trocável. A redução dos teores de carbono orgânico e nitrogênio total também foram destacados para as áreas com menor recobrimento vegetal. As associações entre os grupos de variáveis de vegetação e solo em Floresta, obtidas através de correlações canônicas, mostraram uma relação direta entre a densidade de plantas lenhosas (>0,5m de altura) e os teores de N-total e carbono orgânico, devido provavelmente a um maior aporte desses elementos pela deposição e acúmulo de folhedo na superfície do solo nas áreas mais densamente vegetadas. Maiores conteúdos de argila no horizonte B influenciaram positivamente o aumento da densidade de lenhosas, devido à maior quantidade de águaarmazenada em profundidade. Os menores valores de densidade do solo no horizonte superficial dos ambientes mais preservados pode ser conseqüência da proteção oferecida pelo dossel contra a exposição do solo à chuva e ao sol, como,também, pela maior concentração de matéria orgânica nesse horizonte.

ASSUNTO(S)

degradação desertificação semi-árido indicadores pernambuco vegeation desertificação solos ciencia do solo desertification

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