Relações entre o carbono oxidável do solo e atributos físicos, químicos e mineralógicos de latossolos com horizonte a húmico
AUTOR(ES)
Marques, Flávio Adriano, Calegari, Márcia Regina, Vidal-Torrado, Pablo, Buurman, Peter
FONTE
Revista Brasileira de Ciência do Solo
DATA DE PUBLICAÇÃO
2011-02
RESUMO
A ocorrência de Latossolos com horizonte A húmico hiperdesenvolvido (> 100 cm de espessura) nos trópicos e subtrópicos úmidos é um paradoxo, pois os processos de decomposição da matéria orgânica nesses ambientes são bastante eficientes. Apesar disso, esses solos têm sido documentados nas regiões Sudeste e Sul do Brasil, com algumas ocorrências na região Nordeste. Aspectos da gênese e do significado paleoambiental desses Latossolos aguardam por melhor entendimento. Os processos que levaram o horizonte A a ser tão espesso e escuro e contribuíram para preservação de C orgânico (CO) em profundidades consideráveis nesses pedons são de especial interesse. Neste trabalho, oito Latossolos com horizonte A húmico hiperdesenvolvido (Lh) sob diferentes fitofisionomias (Floresta Ombrófila, Floresta Estacional e Savana Arborizada) foram amostrados e os seus atributos macromorfológicos, físicos, químicos e mineralógicos estudados, com o objetivo de relacioná-los com a preservação de CO em profundidade. Esses Lh são argilosos a muito argilosos, fortemente ácidos, distróficos, álicos e muitos possuem fragmentos de carvão vegetal dispersos na matriz do solo. Caulinita é o principal mineral da fração argila nos horizontes A e B, seguido em abundância por gibbsita e por vermiculita com hidroxi entrecamadas. Este último argilomineral é identificado apenas nos Lh derivados de rochas basálticas da região Sul. Os teores de C total (CT) variam de 5 a 101 g kg-1 no horizonte A húmico. Carbono oxidado por via úmida com dicromato de potássio constitui, em média, 75 % do CT dos horizontes A húmicos, enquanto o C não oxidável com dicromato (C-res), que inclui formas de C recalcitrantes (como carvões), contribui para os restantes 25 % do CT. Os conteúdos de C foram independentes da maioria das variáveis inorgânicas do solo, exceto do Al extraído com oxalato de amônio ácido (OAA), que individualmente explica 69 % (P < 0,001) da variabilidade de CT do horizonte A húmico. Os conteúdos de argila não foram estimadores eficazes do CT e de outras formas de C estudadas, como também não foram: densidade do solo, Al3+ trocável, saturação por Al, capacidade de troca de cátions efetiva e outros parâmetros obtidos por extrações seletivas com OAA e ditionito-citrato-bicarbonato. Interações entre materiais orgânicos e minerais pobremente cristalinos, como indicado pelo Al extraído com OAA, apresentam-se como um dos mecanismos possíveis para proteção da matéria orgânica nesses solos.
ASSUNTO(S)
latossolos solos tropicais carbono total carbono orgânico do solo carvão do solo carbono pirogênico horizonte a húmico
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