Relações com o mercado e (re) construção das identidades socioprofissionais na agricultura orgânica

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2007

RESUMO

A presente tese propõe uma discussão sobre a agricultura orgânica e suas relações com o mercado. As relações com o mercado, que são estabelecidas pelas organizações de agricultores, atualmente ocupam uma posição central nas discussões do denominado “movimento orgânico” no Brasil, constituindo-se em objeto de análise da própria definição de agricultura orgânica. As principais modificações, na conversão do sistema convencional para o orgânico, se apresentam nas relações técnico-produtivas, e, conseqüentemente, no sentido que é atribuído às atividades práticas da agricultura orgânica, modificando a realidade destes produtores rurais. A realidade dos agricultores é aqui entendida como aquela que é (re)construída no contexto organizacional. A agricultura orgânica pressupõe a possibilidade de os agricultores buscarem, através da sua atividade profissional, a (re)construção de sua identidade socioprofissional. Entretanto, neste contexto, também se destaca a construção de novas relações sociais, que influenciam, entre outros aspectos, a profissionalização dos agricultores. A tese aqui apresentada busca o entendimento das principais influências das relações de mercado sobre o processo de (re)construção desta identidade. Para identificar tais influências, foram analisadas as percepções e significados atribuídos pelos agricultores às diferentes estratégias de comercialização adotadas, bem como estudar as representações que estes fazem sobre as suas atividades, e que são formadoras de sua identidade socioprofissional. A análise foi feita utilizando os discursos dos agricultores sobre a sua atividade profissional, sobre os canais de comercialização utilizados e sobre as relações institucionais estabelecidas. É de tal processo relacional que se depreende a definição de identidade socioprofissional adotada na presente tese. Partiu-se da hipótese de que as relações com mercado, nas organizações de produção orgânica, assumem um papel central na (re)construção da identidade socioprofissional dos agricultores. Para a realização da análise, foram selecionadas cinco organizações de agricultores envolvidas com a produção orgânica, nos Estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, buscando contemplar, nessa seleção, dois tipos principais de relações com o mercado: as feiras e os supermercados. Para o levantamento das informações, fundamentalmente primárias, junto a estas organizações, foram realizadas entrevistas em profundidade, com o auxílio de roteiros semi-estruturados, com agricultores e outros informantes. Para o entendimento das identidades socioprofissionais, no contexto organizacional, foi feita uma análise dos aspectos cognitivos referentes ao processo de institucionalização e de construção da realidade, apoiando-se, para isto, na Teoria Institucional e em algumas noções sobre o processo de construção identitária. Também contribuíram, para a análise, os diferentes enfoques e abordagens em torno da discussão sobre as definições de agricultura orgânica. Os resultados da pesquisa permitiram demonstrar as influências das relações com o mercado sobre a formação da identidade socioprofissional dos agricultores que atuam na agricultura orgânica, confirmando a hipótese da pesquisa. Entretanto, o mercado influencia a profissionalização dos agricultores de forma diferenciada, a partir de referências que são construídas nas relações diretas com os consumidores (feiras) e na legitimidade no mercado (supermercados).

ASSUNTO(S)

agricultura organica organic agriculture agronegócios socio-professional identity identidade sócio-profissional market relations agroecology mercado agroecologia agriculturist organizations

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