Registros de um exilado: subjetividade e aprendizagem política no diário de viagem de Francisco de Paula Santander (1829-1832)

AUTOR(ES)
FONTE

História

DATA DE PUBLICAÇÃO

02/12/2019

RESUMO

Resumo O general granadino Francisco de Paula Santander registra em diário sua experiência de viajante-exilado em vários países da Europa e nos Estados Unidos, entre os anos de 1829 e 1832. Tomando como fonte preferencial esse diário e, secundariamente, as memórias - uma delas produzida concomitantemente -, examinamos os significados discursivos atribuídos à viagem. Esta era um recurso para o refinamento pessoal, mas também um aprendizado político e administrativo. Ambos os significados compreendem seu esforço em retomar o prestígio público e recontar a história de sua trajetória, maculada pela acusação de traidor e pelo exílio que se seguiu. A narrativa ordinária demonstra que Santander não pode ser enquadrado como um viajante comum; foi ele um exilado, mais do que um viajante. Essa distinção subjetiva entre viajante e exilado nos conduziu a refletir sobre três questões essenciais: a modelagem da escritura, a subjetividade do escrevente e a estratégia narrativa, assentada na descrição como meio de alcançar uma (sempre pretensa) neutralidade textual.Abstract The Grenadian general Francisco de Paula Santander records in a diary his experience as an exiled traveler in various countries of Europe and in the United States, from 1829 to 1832. Taking this diary as a preferential source and, secondarily, his memoirs - one of them produced concomitantly -, we examine the discursive meanings attributed to the voyage. This voyage was a means to add to his personal refinement, but it was also meant to obtain some political and administrative learning. Both meanings comprehend his effort to earn back his public prestige and to retell the story of his trajectory, soiled by the accusation of treason and the exile that followed it. The ordinary narrative demonstrates that Santander cannot be framed as a common traveler; he was an exiled more than he was a traveler. This subjective distinction between traveler and exile has led us to reflect on three essential points: the modelling of the writing, the subjectivity of the writer and the narrative strategy, based on descriptive means in order to reach a (supposedly) textual neutrality.

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