Redes, solidariedade e cidadania democrÃtica: a experiÃncia inovadora da articulaÃÃo do Semi-Ãrido - ASA

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2007

RESUMO

A experiÃncia de âconvivÃncia com o semi-Ãridoâ, no Nordeste brasileiro, articula um conjunto de iniciativas que buscam vida melhor para amplos agrupamentos humanos residentes em uma extensa regiÃo do paÃs. Afirma-se, ao mesmo tempo, como paradigma profundamente inovador nos estudos sobre o semi-Ãrido brasileiro, redefinindo as relaÃÃes entre sociedade e Estado na promoÃÃo de alternativas de desenvolvimento regional. Essa experiÃncia social, nascida nos chamados âgrotÃesâ do Nordeste, rompe com a dominaÃÃo social, polÃtica, econÃmica, cultural e intelectual que, durante sÃculos, tem reproduzido uma situaÃÃo de extrema pobreza e desigualdade, mas rompe tambÃm com todas as iniciativas anteriores de intervenÃÃo estatal para o enfretamento desta situaÃÃo, presente na agenda social e polÃtica nacional desde o sÃculo XVIII. Essa inovaÃÃo e esse rompimento foram possÃveis devido a vÃrias iniciativas associativas e solidÃrias de base, que construÃram alianÃas, articulando-se em rede permanentemente organizada, com vontade e disposiÃÃo para enfrentar coletivamente a problemÃtica do semi-Ãrido. Nascida no seio das lutas populares, essa experiÃncia incorpora-se e relaciona-se com a complexa trama que envolve a chamada emergÃncia da sociedade civil brasileira que, em nossa anÃlise, nÃo surge como âum setorâ ou uma realidade à parte do Estado e do mercado, mas relaciona-se intimamente com eles, embora mantendo sua identidade, sua autonomia e enfrentando suas prÃprias contradiÃÃes. Para a anÃlise dessa experiÃncia, articulamos coerentemente algumas abordagens presentes na atualidade das CiÃncias Sociais, reconhecendo que nenhuma abordagem, por si sÃ, pode dar conta da complexidade, do significado e do conjunto de relaÃÃes que esse processo envolve, mas tambÃm evitando o ecletismo teÃrico-metodolÃgico. Partimos dos fundamentos das aÃÃes coletivas, de solidariedades e alianÃas em que os valores do vÃnculo social e do pertencimento fazem parte do movimento paradoxal entre o interesse e o desinteresse, entre a liberdade e a obrigaÃÃo, no qual os primeiros tÃm primazia sobre os segundos, ou seja, a generosidade, a amizade, o companheirismo, tÃm primazia sobre o cÃlculo racional e utilitÃrio. O conjunto dessas escolhas aparece articulado em torno do paradigma da dÃdiva, onde o circuito do dar, receber, retribuir, tal qual formulado por Marcel Mauss e atualizado pelo Movimento Anti-Utilitarista nas CiÃncias Sociais (MAUSS), permanece como um movimento permanentemente recriado. Consideramos tambÃm as abordagens fenomenolÃgica e hermenÃutica de Boaventura Sousa Santos, na Ãnfase dada âcontra o desperdÃcio da experiÃnciaâ, privilegiando-se a experiÃncia e o dialÃgico para a organizaÃÃo da realidade social. Articulamos tambÃm estas abordagens com algumas das elaboraÃÃes em torno dos novos movimentos sociais, considerando que o atual paradigma das redes sociais à um ancoradouro necessÃrio para a anÃlise das solidariedades e dos processos de mudanÃa nas sociedades contemporÃneas. Esta âtriangulaÃÃoâ de abordagens nos permite articular o associacionismo, a solidariedade e a participaÃÃo com os princÃpios da justiÃa social e da democracia

ASSUNTO(S)

dÃdiva rÃseaux sociaux democracia sociologia solidarità associacionismo participaÃÃo don participation association redes sociais solidariedade dÃmocratie

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