Redes sociais e comportamento sexual: para uma visão relacional da sexualidade, do risco e da prevenção

AUTOR(ES)
FONTE

Saúde e Sociedade

DATA DE PUBLICAÇÃO

2011-03

RESUMO

Com base num inquérito representativo da população portuguesa entre 18 e 65 anos, realizado em 2007, este estudo investiga o impacto de fatores de rede social sobre os comportamentos sexuais dos indivíduos. Através da percepção normativa dos inquiridos sobre a moral sexual dos seus amigos e familiares e de indicadores relativos à caracterização da rede de confidência sexual, tais como o número, a identidade, o gênero, a idade e o comportamento dos confidentes em matéria de sexualidade e prevenção face ao risco de infecção por DSTs, obtivemos um retrato multidimensional das redes sociais dos indivíduos. A realização de análises de regressão linear e logística permitiu avaliar o impacto preditivo da rede sobre o número de parceiros sexuais, as relações sexuais ocasionais e o uso do preservativo. Os dados mostram que os fatores de rede são importantes para explicar o comportamento sexual dos indivíduos. Redes constituídas por amigos e mais liberais em termos de moral sexual tendem a influenciar o comportamento sexual, levando a um maior experimentalismo, sobretudo no caso das mulheres. Por outro lado, a homologia entre o comportamento sexual dos confidentes e o dos inquiridos é relevante para explicar o recurso ao preservativo nas relações sexuais ocasionais, especialmente no caso dos homens. Tanto numa perspectiva relacional da sexualidade como numa óptica epidemiológica, a análise das redes sociais dos indivíduos constitui um aspecto importante para a compreensão e explicação da variedade de experiências sexuais, mais restritas ou mais plurais, e para os riscos de infecção que daí podem advir.

ASSUNTO(S)

síndrome de imunodeficiência adquirida doenças sexualmente transmissíveis comportamento sexual redes sociais fatores de risco

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