Receptor do peptídeo liberador de gastrina (GRPR) em gliomas : expressão, influência na proliferação celular e mecanismos de sinalização

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2009

RESUMO

Gliomas correspondem à grande maioria de tumores do sistema nervoso central (SNC), sendo que os glioblastomas multiformes são os mais comuns e mais malignos. O tratamento destes tumores ainda é ineficiente, pois a sobrevida média de pacientes com glioblastomas é de um ano após o diagnóstico. A ressecção cirúrgica, quando possível, acompanhada de radioterapia e quimioterapia são o tratamento padrão. A tendência é que a quimioterapia assuma um papel cada vez maior, devido ao desenvolvimento de quimioterápicos mais seletivos e com menores efeitos prejudiciais. Um peptídeo que vem sendo bastante estudado como fator de crescimento em vários tipos de câncer é o peptídeo liberador de gastrina (GRP), que atua no seu receptor (GRPR). O GRP pertence à família de peptídeos semelhantes à bombesina, e tem sido mostrado que o GRPR é super-expresso em muitos tipos tumorais. Os agonistas de GRPR, GRP e bombesina, estimulam o crescimento de diferentes tipos de células tumorais. Os objetivos para este estudo foram avaliar a expressão de GRPR em gliomas, avaliar a influência da ativação e inibição do GRPR sobre o crescimento de células de glioma e avaliar o envolvimento de efetores atuantes na sinalização celular desencadeada por GRPR, como fosfatidilinositol-3-hidroxicinase, PI3K. Foi encontrada a expressão de RNA mensageiro de GRPR, pela reação da transcriptase reversa seguida da reação em cadeia da polimerase (RT-PCR, reverse transcription polymerase chain reaction) e a expressão ao nível protéico, por imuno-histoquímica, em linhagens de gliomas de rato (C6) e de humanos (U-87 e U373). O efeito sobre a proliferação celular do RC-3095, um antagonista de GRPR, foi analisado nestas linhagens. RC-3095 inibiu a proliferação celular 48 horas após o tratamento, nas linhagens U-87 e C6, mas não na linhagem U-373. A inibição sobre a proliferação foi de 45% em C6, na dose 0,1 µM, e de 24% e 26% em U-87 nas doses de 0,1 µM e 1,0 µM, respectivamente. Células quiescentes tratadas com bombesina proliferaram 50% a mais em relação ao controle. Esta indução na proliferação celular foi prevenida pelo antagonista de GRPR. Quando as células quiescentes foram pré-tratadas com inibidor de PI3K, LY294002, a bombesina não foi capaz de induzir proliferação, sendo, portanto, esta indução na proliferação dependente de PI3K. Depois da análise nas linhagens, foi avaliada a expressão de GRPR em material derivado de biópsias de 34 pacientes. GRPR esteve amplamente expresso em 100% destes tumores. Não foi encontrada expressão de GRPR em células gliais em amostras de necrópsias de cérebro de pacientes sem neoplasia, enquanto que a expressão de GRPR em neurônios humanos foi observada. A forte expressão de GRPR nestes 34 tumores não teve relação significativa com o grau tumoral ou com a sobrevida do paciente. Considerando a hipótese de que gliomas, assim como outros tumores, podem se originar de uma pequena população de células-tronco (CT) dentro do tumor, avaliamos o efeito da bombesina sobre esta população de células que em tumores do SNC, formam neuro-esferas. Bombesina aumentou em 100% o numero de neuro-esferas após sete dias ao tratamento em cultura de glioma (U-87). Adicionalmente, foi observado que os tumores de pacientes que expressam GRPR também apresentam uma sub-população de células expressando o marcador de CT, CD-113. Esses achados sugerem que o GRPR tenha função no desenvolvimento e manutenção de gliomas induzindo proliferação de células tronco e diferenciadas. O bloqueio de GRPR, assim como a combinação dele com a inibição de outros agentes associados ao GRPR na cascata de sinalização celular, podem servir como estratégia potencial no tratamento destes tumores.

ASSUNTO(S)

glioma gastrinas

Documentos Relacionados