Reabilitação de lesados medulares com estimulação elétrica neuromuscular : avaliação óssea e aspectos clínico e radiográfico dos pés e tornozelos / Neuromuscular electrical stimulation rehabilitation in spinal cord injuries : bone density assessment and clinical and radiographic aspects of the feet and ankles

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2011

RESUMO

A lesão medular causa prejuízos nos aspectos físico, psicológico e social da pessoa. Há predomínio de indivíduos do sexo masculino, jovens e o principal motivo são os acidentes automobilísticos. A lesão neurológica e o desuso dos membros acometidos produzem espasticidades, contraturas, osteoporose e deformidades, principalmente nos pés. Uma estratégia para diminuir estas complicações nos lesados medulares é a estimulação elétrica neuromuscular (EENM). Há poucos estudos na literatura descrevendo o comportamento de pés e tornozelos de lesados medulares submetidos à EENM, bem como sobre avaliação da osteoporose nestes indivíduos utilizando UQC (ultrassonografia quantitativa de calcâneo). Portanto, o objetivo principal deste estudo foi analisar os efeitos da EENM nos pés e tornozelos de lesados medulares e compará-los a grupo de lesados que não realizam EENM e a grupo de indivíduos normais. O objetivo secundário é avaliar a utilidade da ultrassonografia quantitativa de calcâneo no diagnóstico de osteoporose em lesados medulares. No período de janeiro a outubro de 2009, trinta pacientes do ambulatório de lesados medulares no Hospital das Clínicas da Unicamp que realizam EENM (Grupo A) tiveram seus pés e tornozelos submetidos à avaliação clínica e radiográfica e foram comparados a grupo de lesados que não realizam EENM (Grupo B) e a grupo de indivíduos normais (Grupo C). Foi também avaliada a densidade óssea utilizando UQC e densitometria óssea (DEXA) de 15 pacientes que iniciariam EENM no ambulatório de lesados medulares no Hospital das Clínicas da Unicamp (Grupo D), comparando-a com um grupo de pacientes normais (Grupo E). A avaliação clínica dos pés e tornozelos envolveu deformidades, condições de pele e mobilidade articular da talocrural, da talocalcânea e do médio pé. A avaliação radiográfica consistiu na análise dos ângulos hálux valgo, intermetatarsal, ângulo talocalcâneo no sentido dorso plantar e perfil, tálus em relação ao primeiro osso metatarsal, calcâneo-solo e tibiocalcâneo. Para avaliação estatística foram utilizados o teste de Kruskal-Wallis, Mann- Whitney e Wilcoxon Pareado. Quando o valor de p <0.05 houve diferença significativa. Em relação aos resultados dos grupos A, B e C, a mobilidade da articulação talocalcânea foi de 23,4º no Grupo A; 13,5º no Grupo B e 28,9º no Grupo C. Na comparação da mobilidade da talocalcânea entre os Grupos A e B, B e C foram constatadas diferenças significativas (0.0092 e 0.0034 respectivamente). Na articulação transversa do tarso a média da mobilidade foi de 22,5º no Grupo A; 15,3º no Grupo B e 24,1º no Grupo C. Comparando a mobilidade articulação transversa do tarso entre os Grupos A e B, B e C obteve-se diferenças significativas (respectivamente 0.0184 e 0.0022). A média da mobilidade da articulação do talocrural foi de 41,4º no Grupo A; 34,3º no Grupo B e 63,6º no Grupo C. Esta mobilidade, quando comparada entre os Grupos A e C, B e C apresentou diferenças significativas (0.0009 e 0.0008, respectivamente). A média da mensuração do ângulo do hálux valgo foi 17,5º para o Grupo A; 14,8º para o Grupo B e 15,6º para o Grupo C. A média do intermetatarsal foi 9,1º (Grupo A); 8,1º (Grupo B) e 10,1º (Grupo C). A média para o ângulo talocalcâneo em AP foi 23,5º (Grupo A), 18,9º (Grupo B) e 24º (Grupo C). A média do ângulo calcâneo-solo foi de 25º para o Grupo A; 25,3º para o Grupo B e 26,8º para o Grupo C. O ângulo talocalcâneo no perfil apresentou as seguintes médias: 44,7º para o Grupo A; 36,8º para o Grupo B e 31,1º para o Grupo C. Quando este ângulo foi comparado entre os Grupos A e C, B e C, houve diferenças significativas (0.0184 e 0.0040, respectivamente). A média do ângulo entre o tálus e o primeiro osso metatarsal foi 13,8º (Grupo A), 19,3º (Grupo B) e 4,0º (Grupo C). Este ângulo, quando comparado entre os Grupos A-C e B-C, apresentou diferenças significativas (0.0089 e 0.0075, respectivamente). A média do ângulo tibiocalcâneo no Grupo A foi de 81º, no Grupo B foi de 80,6º e no C de 81,8º. As deformidades encontradas nos pés dos sujeitos do Grupo A incluíram dois pacientes com dedos em garra e um com pés planos bilateral, enquanto no Grupo B foram encontrados um pé com úlcera grau I no maléolo lateral e um pé com úlcera no calcâneo. Em relação aos resultados da densidade óssea dos grupos D e E, os valores do T score no colo femoral com DEXA (0, 0022) e T score de calcâneo com UQC (0, 0005) apresentaram diferença significativa entre os grupos, com médias superiores no grupo dos normais em relação ao grupo de lesados medulares que iniciariam eletro-estimulação (p <0.05). O grupo de lesados medulares apresentou diferenças significativas entre os T score da UQC e T score da coluna lombar e do colo com DEXA. Este estudo permitiu concluir que a EENM mantém pés e tornozelos de lesados medulares plantígrados e em posição adequada para deambulação. Essa constatação parece confirmar um aspecto favorável no caso de novas tecnologias permitirem que estes pacientes readquiram capacidade autônoma de marcha. Em relação à avaliação da densidade óssea pelo baixo estresse mecânico nos calcâneos de lesados medulares, pode-se concluir que a UQC não apresenta resultados que possam ser correlacionados com a DEXA para diagnóstico de osteoporose. Não é possível afirmar que UQC seja uma boa escolha para diagnóstico e acompanhamento dos lesados medulares

ASSUNTO(S)

osteoporose lesão medular reabilitação densitometria osteoporosis spinal cord injury rehabilitation densitometry

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