Rastreamento do câncer de esôfago pela endoscopia digestiva transnasal e cromoendoscopia em pacientes com carcinoma de células escamosas de cabeça e pescoço

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

16/11/2011

RESUMO

Introdução: O câncer de esôfago usualmente é detectado em estágio avançado, impossibilitando tratamento curativo. Consumo de álcool e tabaco e história pessoal de carcinoma de células escamosas de cabeça e pescoço (CCECP) são os principais fatores associados ao desenvolvimento do carcinoma de esôfago. Endoscopia transnasal (ETN) é praticada rotineiramente no Japão e em alguns centros europeus. A vantagem principal é que não requer sedação, portanto a recuperação do paciente é mais rápida e os custos do procedimento são menores. Em países latino-americanos, ETN é pouco difundida e não existem evidências sobre aplicabilidade desta técnica nesta população. Objetivos: (1) avaliar a eficiência clínica da ETN sem sedação com luz branca, FICE (Flexible Spectral Imaging Color Enhancement) e cromoscopia com lugol em pacientes com antecedentes de CCECP para rastreamento do carcinoma de células escamosas (CCE) de esôfago; (2) analisar a aceitação destes pacientes ao exame transnasal sem sedação; (3) determinar a prevalência de neoplasia esofagiana nesta população; (4) comparar o desempenho do exame com luz branca e do sistema FICE para detecção do câncer esofágico Métodos: Estudo de corte transversal. Critérios de inclusão: pacientes com diagnóstico recente ou prévio de CCECP referenciados para rastreamento de neoplasia de esôfago e que concordaram em participar do estudo. Critério de exclusão: metástase à distância, cirurgia nasal, coagulopatia, alergia a iodo, esofagite intensa, esofagectomia. Preparo: aplicação tópica de vasoconstrictor nasal e lidocaína. Procedimentos foram realizados sem sedação com endoscópio ultrafino (EG-530N, Fujinon Fujifilm Co., Japão). Tolerância dos pacientes foi observada pelos endoscopistas e por um observador independente que interrogou os pacientes após o exame a respeito de sensação de desconforto mensurada em uma escala visual analógica (EVA). O exame endoscópico do esôfago foi randomizado da seguinte forma: avaliação com luz branca pelo primeiro examinador; avaliação com FICE pelo segundo examinador (mascarado aos achados do primeiro exame); cromoscopia com lugol a 0.8% com participação dos dois examinadores. O desempenho do exame com luz branca e do FICE para detecção da neoplasia foi comparado com padrão de referência baseado na identificação de lesões não-coradas por lugol maiores que cinco mm, que apresentassem o sinal de cor rósea e histologia confirmatória. Reações adversas foram documentadas. Resultados: Entre maio de 2009 e abril de 2011, 106 pacientes foram incluídos no estudo, 81% homens, idade média: 61 anos (intervalo: 31 a 89). ETN foi possível em 105 pacientes (99,1%) e o exame completo teve uma duração média de 17 minutos (intervalo: 10 37 min.). Tolerância do paciente ao exame foi considerada pelos endoscopistas como excelente em 83% dos casos, boa em 14%, regular em 1% e ruim em 2%. A sensação de desconforto ao exame foi graduada pelos pacientes conforme EVA como ausente em 52% dos exames, mínima em 40%, moderada em 4,6%, e intensa em 1,9%. Foram detectadas 13 lesões esofágicas neoplásicas (12,3%), sendo 10 tumores em estágio precoce. Não houve diferença significativa entre o desempenho do exame endoscópico com luz branca (sensibilidade 92,3%, especificidade 98,9%, acurácia - 98,1%) e o exame com FICE (sensibilidade 100 %, especificidade 98,9%, acurácia - 99%) para detecção de neoplasia. Não ocorreu nenhuma complicação grave relacionada aos exames. Conclusão: A ETN é uma ferramenta diagnóstica factível, bem tolerada, segura e eficiente para rastreamento de neoplasia de esôfago em pacientes brasileiros de alto risco. A prevalência da neoplasia esofagiana nesta população é elevada, o que reforça a necessidade de rastrear estes pacientes. O desempenho do exame endoscópico com luz branca é semelhante ao do sistema FICE para detecção de neoplasia esofagiana, e a combinação destes dois métodos pode, potencialmente, substituir o emprego da cromoscopia com lugol.

ASSUNTO(S)

endoscopia teses. esôfago câncer teses. endoscopia do sistema digestório/métodos decs neoplasias esofágicas/diagnóstico decs neoplasias esofágicas/epidemiologia decs carcinoma de células escamosas/diagnóstico decs neoplasias de cabeça e pescoço/diagnóstico decs avaliação de eficácia-efetividade de intervenções decs estudos transversais decs saúde do adulto decs dissertações acadêmicas decs

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