Quimioprofilaxia para prevenção de hanseníase e sua implantação no Brasil: uma explicação introdutória para não epidemiologistas

AUTOR(ES)
FONTE

Rev. Inst. Med. trop. S. Paulo

DATA DE PUBLICAÇÃO

2015-12

RESUMO

A ocorrência de hanseníase tem diminuído no mundo apesar de que a perspectiva de sua eliminação tem sido questionada. Uma proposta para o controle da endemia é a quimioprofilaxia pós-exposição entre contatos (post-exposure chemoprophylaxis, PEP), embora ainda existam dúvidas quanto aos seus aspectos operacionais e generalização de resultados. Nesse texto nós discutimos as evidências disponíveis na literatura, explicamos alguns conceitos epidemiológicos comumente encontrados em pesquisa sobre PEP e a implantação da PEP no contexto brasileiro. Nós argumentamos que: (1) a estimativa em diferentes estudos do numero de contatos necessário para receber PEP para prevenir um novo caso de hanseníase (number needed to treat, NNT) não é facilmente generalizável; (2) áreas cobertas pelo programa de saúde da família são as áreas prioritárias onde PEP poderia ser implantado; (3) não existe necessidade de segunda dose da quimioprofilaxia; (4) o risco de resistência à droga usada na PEP parece ser muito pequeno; (5) questionamos a necessidade de teste sorológico para identificar indivíduos entre os contatos que tenham maior risco de doença. Nós opinamos que, se houver uma decisão para se iniciar PEP no Brasil, essa intervenção deveria ser iniciada em pequena escala e, à proporção que novas evidências são geradas sobre a factibilidade, sustentabilidade e impacto da intervenção, a intervenção com PEP poderia ou não ser usada em larga escala.

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