Quilombos urbanos, segregação espacial e resistência em Porto Alegre/RS : uma análise a partir dos Quilombos do Areal e da Família Silva
AUTOR(ES)
Costa, Angela Maria Faria da
DATA DE PUBLICAÇÃO
2009
RESUMO
Quilombos por muito tempo foram considerados como o abrigo dos escravos em fuga, localizados em locais de difícil acesso e isolados do convívio com outros grupos, proporcionando assim segurança e possibilidade de defesa desses territórios e de seus ocupantes. Hoje, temos uma ressignificação deste termo, uma nova apropriação do conceito indicando forma de resistência e luta para comunidades negras rurais e urbanas do Brasil. Procuramos através do estudo de duas comunidades quilombolas de Porto Alegre - Quilombo do Areal e Quilombo da Família Silva - verificar os processos de segregação espacial e resistência que perpassaram a constituição destes territórios étnicos - lugares de moradia e espaço de reprodução social. Analisamos, portanto, as dinâmicas de valorização do solo urbano na cidade e a intervenção do poder público, tanto como agente valorizador do espaço urbano, como executor de políticas públicas de remoção e assentamento de comunidades pobres, que não tem acesso à propriedade da terra, para locais carentes de equipamentos públicos, com precárias condições de mobilidade e desinteressantes do ponto de vista econômico. As duas comunidades estudadas resistiram às pressões sobre as áreas ocupadas praticamente desde a sua formação. Seus territórios são constituídos através da cultura, da memória, das tradições e também por práticas de solidariedade e sociabilidade, baseadas principalmente em laços de parentesco. Tais características proporcionaram a estas comunidades congregarem-se na luta pela manutenção desses territórios. A partir do reconhecimento do direito à propriedade da terra que ocupavam, na Constituição Federal de 1988, obtiveram novo fôlego para sustentar a luta pelo direito de propriedade de suas áreas. Os quilombos urbanos são, dessa forma, o referencial concreto da luta por reconhecimento, constituindo-se em territórios étnicos de resistência, possíveis dentro da atual conjuntura social e política do País.
ASSUNTO(S)
porto alegre (rs) ségrégation spatiale geografia urbana segregação espacial résistence quilombos urbanos quilombo urbain quilombolas
ACESSO AO ARTIGO
http://hdl.handle.net/10183/16006Documentos Relacionados
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