Questões éticas sobre o ensaio clínico da fosfoetanolamina "sintética"

AUTOR(ES)
FONTE

Rev. Assoc. Med. Bras.

DATA DE PUBLICAÇÃO

2017-05

RESUMO

Resumo Não obstante a sua aprovação pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) em 19 de abril de 2016, um ensaio da pílula de fosfoetanolamina "sintética" (sin-fosfo) em pacientes com câncer levanta preocupações éticas. Uma análise feita por um laboratório contratado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) revelou que a sin-fosfo continha grande quantidade de impurezas e não satisfazia os padrões de qualidade farmacêutica exigidos para um medicamento experimental. Os ensaios de citotoxicidade com linhagens de células originárias de tumores humanos e testes in vivo em roedores com tumores xeno-enxertados falharam consistentemente em demonstrar uma potencial atividade anticâncer da sin-fosfo. Os estudos pré-clínicos de segurança da sin-fosfo também foram insuficientes para apoiar a realização de um ensaio desse medicamento experimental em pacientes com câncer. Além disso, a aprovação ética aparentemente desconsiderou dois achados anteriores, sugerindo uma possível exacerbação da proliferação de células de carcinoma de mama pela fosfoetanolamina, e um aparente aumento de metástases pulmonares (ensaio de tumores implantados em ratos) pela sin-fosfo. A relação risco-benefício é claramente desfavorável para a sin-fosfo e, portanto, esse ensaio em pacientes com câncer não atende um requisito essencial para que uma pesquisa clínica seja ética. Há também preocupações quanto ao delineamento do estudo ser suficientemente robusto (validade interna), e o valor social do ensaio da sin-fosfo em pacientes com câncer é questionável.

ASSUNTO(S)

bioética ensaio clínico novo medicamento experimental neoplasias avaliação pré-clínica de medicamentos ponderação risco-benefício

Documentos Relacionados