Querer ficar, querer sair: os paradoxos da internação psiquiátrica para usuários de serviços de Saúde Mental

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2007

RESUMO

Partindo do pressuposto que a Reforma Psiquiátrica está em pleno processo de construção e que em decorrência de seus pontos falhos, alguns usuários podem querer continuar vivendo em hospitais psiquiátricos, o presente estudo investiga, por meio das práticas discursivas de usuários e trabalhadores de um serviço de Saúde Mental da cidade de São Paulo, os sentidos que sustentam o suposto desejo de permanecer internado. Para coleta de informações elegimos um hospital psiquiátrico da cidade de São Paulo, predominantemente vinculado ao SUS, onde fizemos visitas durante o período de agosto de 2005 a março de 2006, distribuídas entre observação das rotinas, participação nas variadas atividades, entrevistas com usuárias que verbalizaram o desejo de permanecer no internamento e uma Irmã de Caridade, porta-voz da equipe profissional. A análise das informações coletadas foi sustentada a partir da perspectiva do construcionismo social. De modo geral, as entrevistas contribuíram para melhor entender o suposto desejo de permanecer no hospital psiquiátrico. A falta de condições financeiras, habitação, trabalho, relacionamentos sociais, além de internações psiquiátricas recorrentes, pareceram dificultar a reinserção social, bem como diminuir a proximidade com a família. Além disso, o hospital psiquiátrico pareceu tornar-se uma proteção do usuário em uma sociedade intolerante perante a loucura. É válido destacar as falas das usuárias sobre o hospital e a experiência de internação psiquiátrica foram acompanhadas de lapsos de linguagem e feições entristecidas, retratando o sofrimento da internação e a contradição presente em optar pela vida intra-muros. A partir dessas reflexões indaga-se sobre a urgência do fortalecimento efetivo da rede social extra-muros, a partir da estruturação da Reforma Psiquiátrica, de modo a possibilitar o desejo de retorno ao convívio social

ASSUNTO(S)

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