Quantas vezes e em que período gestacional deve-se solicitar ultrassonografia obstétrica?

AUTOR(ES)
FONTE

Núcleo de Telessaúde Santa Catarina

DATA DE PUBLICAÇÃO

12/06/2023

RESUMO

Não há evidências que apoiem a solicitação de ultrassonografia de rotina durante a gestação

, pois não existe demonstração científica sobre a redução da morbidade e da mortalidade perinatal ou materna(1,2). A realização precoce da ultrassonografia (< de 24 semanas) durante a gravidez pode auxiliar na melhor determinação da idade gestacional, detecção precoce de gestações múltiplas e no diagnóstico de malformações fetais clinicamente não suspeitas

. No entanto, mesmo o benefício da realização da ultrassonografia precoce permanece assunto controverso. Dessa maneira, pode-se dizer que o exame de ultrassom pode ser recomendado como rotina nos locais onde ele esteja disponível para ser realizado no início da gestação, mas a não realização não constitui omissão, nem diminui a qualidade do pré-natal

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– Ultrassonografia precoce (< de 24 semanas):

Considerando-se que 11% a 42% das idades gestacionais estimadas pela data da última menstruação são incorretas, pode-se oferecer à gestante, quando possível, o exame ultrassonográfico, que determina melhor a idade gestacional, auxilia na detecção de gestações múltiplas (inclusive, evidencia o tipo de placentação nestes casos) e de malformações fetais

.

No entanto, alguns autores consideram que o uso da ultrassonografia precoce de rotina na gestação não se justifica em nosso meio, pois não modifica nenhum desfecho clínico importante

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– Ultrassonografia para translucência nucal (11ª e 13ª semanas):

A medida da translucência nucal (TN) associada à idade materna identifica em torno de 75% dos casos de trissomia do cromossomo 21. No entanto, a indicação deste exame deve estar sujeita à disponibilidade local de recursos e ao desejo dos pais de realizar o exame. Deve-se sempre oferecer esclarecimentos sobre as implicações do exame, indicação, limitações, riscos de falso-positivos e falso-negativos

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Deve-se também ponderar sobre a qualificação da equipe responsável pelo rastreamento, além da necessidade de complementar o exame com pesquisa de cariótipo fetal nos casos de TN aumentada, a implicação psicológica do teste positivo (incluindo falso-positivos) e o impacto no nascimento de portadores da síndrome genética

.

Além disso, a detecção precoce de malformações fetais tem utilidade limitada, pois não modifica a conduta clínica na maioria dos casos e a interrupção provocada da gestação não é permitida na legislação brasileira, tornando ainda mais questionável a solicitação de rotina da investigação da TN

.

– Ultrassonografia morfológica (entre 20ª e 24ª semanas):

A realização de ultrassonografia morfológica em gestantes de baixo risco tem gerado controvérsias, pois não existem evidências de que melhore o prognóstico perinatal, apesar de aumentar a taxa de detecção das malformações congênita

.

– Ultrassonografia tardia (após 24 semanas):

Revisão sistemática disponibilizada pela biblioteca Cochrane sugere que não há benefícios da ultrassonografia de rotina em gestações de baixo risco após a 24ª semana de gravidez

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SOF Relacionada:

1. Whitworth M, Bricker L, Mullan C. Ultrasound for fetal assessment in early pregnancy. Cochrane Database Sistema Rev. 2015 14 de Julho; (7): CD007058. Disponível em:

[último acesso 21 de fev de 2017]

2. Brasil. Ministério da Saúde. Instituto Sírio-Libanês de Ensino e Pesquisa. Protocolos da Atenção Básica: Saúde das Mulheres. Brasília: Ministério da Saúde, 2016:230p. Disponível em:

[último acesso dia 21 de fev de 2017]

3. Brasil. Ministério da Saúde. Atenção ao pré-natal de baixo risco. (Cadernos de Atenção Básica, 32). Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2012:318p. Disponível em:

[última visualização em 02 de fev de 2017].

4. Bricker L, Medley N, Pratt JJ. Routine ultrasound in late pregnancy (after 24 weeks’ gestation). Cochrane Database Sistema Rev. 2015 29 de Junho; (6): CD001451. Disponível em:

[último acesso dia 21 de fev de 2017]

D5. Núcleo de Telessaúde Rio Grande do Sul. Qual a quantidade mínima e máxima de ecografias obstétricas durante a gestação? Há relação entre o número de ultrassonografias e prematuridade, malformações ou déficits cognitivos nas crianças? Segunda Opinião Formativa. 2013. ID: sof-5398. Disponível em:

[última visualização em 02 de fev de 2017]

ASSUNTO(S)

apoio ao diagnóstico médico w78 gravidez ultrassonografia pré-natal

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