Quando ser mãe dói: história de vida e sofrimento psíquico no puerpério

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

10/01/2011

RESUMO

A maternidade porta um aspecto enigmático abordado em diversos campos do saber como nas artes ou na ciência. No entanto, não podemos afirmar que este enigma abra-se apenas para experiências positivas, ela pode mesmo apresentar um lado sombrio e mobilizador de angústia. Este estudo tem o objetivo de compreender como a vivencia da maternidade se converte para a mulher/mãe em uma experiência de sofrimento psíquico. Para alcançar este objetivo, buscamos identificar como a mulher interpreta a situação atual e qual o significado de ser mãe e como isso se articula com sua historia de vida; Conhecer as percepções e as redes de significado dessa mulher, como também seus valores, concepções, idéias e referenciais simbólicos que organizam suas relações com o bebe, com o parceiro e com a família, procurando perceber quais as possibilidades de articulação dos componentes subjetivos da história de vida dessa mulher para a produção de um cuidado clínico que considere o sujeito em sua singularidade. O estudo foi realizado no período de 2009 a 2011 numa unidade de saúde do município de Fortaleza, Ceará, e aborda a história de vida de uma mulher que se apresenta em uma situação de sofrimento psíquico no pós-parto, que a chamaremos de Flávia. A abordagem foi realizada através do método da história de vida por meio da priorização da escuta dessa mulher, guiada pela pergunta Conte-me sua historia de vida. Para análise da história utilizamos o ensaio metapsicológico defendido por Iribarry (2003). O estudo amparou-se na resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde que regulamenta pesquisas envolvendo seres humanos. O primeiro encontro com Flávia se deu por indicação da enfermeira da unidade de saúde, o caso foi relatado através de uma cunhada de Flávia que procurou a unidade de saúde, solicitando uma visita da equipe. O motivo era que Flávia apresentava crises de choro, falta de ânimo, sem vontade de comer de banhar-se e com muitos medos. Tivemos quatro encontros onde, a partir da escuta, pudemos delimitar em sua história alguns núcleos de sentido como: as Relações amorosas; a Maternidade; o Parto, o sangue e o medo. Percebemos que estes núcleos despontam em uma cadeia de significantes que se articula em torno de uma repetição: aposta amorosa decepção com essa escolha - maternidade risco de morte. Em seguida, buscamos no referencial psicanalítico o aporte teórico necessário para construir o ensaio metapsicológico baseados nos núcleos apreendidos. Mesmo não nos propondo a realizar uma intervenção clínica, percebemos no ultimo encontro um ganho terapêutico pelo simples fato de ter alguém para endereçar o sofrimento, a angustia e sua interface com sua história. Apostamos no fato de que, através da consideração da dimensão do sujeito articulado ao seu desejo, podemos reinventar os espaços e ferramentas de assistir àqueles que demandam nosso cuidado

ASSUNTO(S)

psicanálise história de vida mulher puerperio sofrimento psíquico enfermagem puerperium psychological distress women life history psychoanalysis

Documentos Relacionados