Qualidade de vida do adulto jovem sobrevivente de leucemia linfóide aguda pediátrica / Quality of life young adult survivor of pediatric acute lymphoblastic leukemia

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

29/08/2012

RESUMO

INTRODUÇÃO: As leucemias são os tipos mais comuns de câncer em crianças e adolescentes e correspondem a 25% - 35% de todos os casos de câncer na faixa etária pediátrica. De acordo com o Registro de Câncer de Base Populacional dos Estados Unidos (SEER)2, desde 1970, tem ocorrido aumento das taxas de cura e sobrevida, sendo que aproximadamente 80% das crianças são curadas3. Apesar do elevado índice de cura da LLA, os sobreviventes podem desenvolver problemas relacionados à saúde ou efeitos tardios decorrentes do tratamento. Diversos estudos demonstraram que, neste grupo, os sobreviventes podem apresentar comprometimentos psicossociais relacionados à saúde mental, relacionamentos interpessoais, escolaridade, inserção profissional e qualidade de vida (QV)4,5,6,7,33,34. OBJETIVOS: Avaliar e correlacionar a percepção da QV de adultos jovens sobreviventes de LLA com aspectos psicossociais e clínicos, em relação ao sexo, nível de escolaridade, renda familiar mensal, vida conjugal, religião, atendimento psicológico, idade ao início do tratamento e atual, tempo desde o término do tratamento, modalidade do tratamento utilizado, índice de massa corporal (IMC) atual, estatura atual e efeitos tardios. MÉTODOS: Estudo observacional, analítico, do tipo corte transversal, realizado de maio a novembro de 2011, com 71 adultos jovens sobreviventes de LLA, com idade mínima de 18 anos, fora de terapia há no mínimo 3 anos, em seguimento na Clínica Após o Término da Terapia (CATT), no Centro Infantil Boldrini, avaliados através do questionário genérico de QV Short-Form Health Survey SF-36. RESULTADOS: Os sobreviventes do sexo feminino apresentaram escores inferiores em capacidade funcional, dor, vitalidade (p <0,001), aspectos sociais (p = 0,013) e saúde mental (p = 0,001). Sobreviventes com filhos registraram escores menores em capacidade funcional (p = 0,043), dor (p = 0,022) e vitalidade (p = 0,025). Sobreviventes que realizaram atendimento psicológico durante o tratamento, demonstraram resultados inferiores em aspectos sociais (p = 0,049). Os adultos jovens que afirmaram realizar atendimento psicológico atual na cidade de origem apresentaram comprometimento em vitalidade (p = 0,047), aspectos emocionais (p = 0,008) e saúde mental (p = 0,047). Associações entre menor nível de escolaridade paterna e QV dos sobreviventes foram identificadas em capacidade funcional (p = 0,041), aspectos emocionais (p = 0,043) e saúde mental (p = 0,041). A modalidade do tratamento quimioterapia e radioterapia craniana foi associada com capacidade funcional (p = 0,010), dor (p = 0,006), vitalidade (p = 0,018) e saúde mental (p = 0,031). Sobreviventes com efeitos tardios registraram escores inferiores em aspectos físicos (p = 0,011) e aspectos sociais (p = 0,013). Sobreviventes com IMC alterado apresentaram resultados inferiores em aspectos físicos (p = 0,002) e dor (p = 0,023). Observou-se correlação inversa estatisticamente significativa entre capacidade funcional e dor e maior idade no momento da entrevista (rs = - 0,39, p <0,01; rs = - 0,30, p = 0,01, respectivamente). Adicionalmente, observou-se correlação inversa estatisticamente significativa entre dor e maior tempo fora de terapia (rs = - 0,27, p = 0,01). Observou-se correlação direta estatisticamente significativa entre aspectos físicos e maior valor de renda familiar mensal (rs = 0,26, p = 0,02). CONCLUSÕES: Os resultados do presente estudo sugerem que os sobreviventes de LLA demonstram comprometimentos na QV, relacionados à saúde física e mental. Com base nos dados obtidos neste estudo, as variáveis associadas a escores inferiores no questionário SF-36 foram: sexo feminino, menor nível de escolaridade paterna, menor valor de renda familiar mensal, realizar atendimento psicológico, maior idade na entrevista, maior tempo desde o término do tratamento, modalidade do tratamento utilizado quimioterapia e radioterapia craniana, IMC alterado e presença de efeitos tardios.

ASSUNTO(S)

sf-36 leucemia impacto psicossocial sf-36 leukemia psychosocial impact

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