Qualidade de vida, deglutição e desvantagem vocal em pacientes portadores de câncer de boca e orofaringe após tratamento oncológico

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2006

RESUMO

Introdução: Desde os anos 80 a qualidade de vida é um tema de pesquisa fundamental, que deve ser orientado pela avaliação do impacto nas habilidades físicas e na vida psicológica, social e espiritual do indivíduo, oferecendo subsídios para análise de custo-efetividade e para a otimização dos recursos disponíveis no sistema de saúde. No Brasil, são diagnosticados anualmente cerca de 8 mil novos casos de carcinoma espinocelular da cavidade bucal, estando sua etiologia associada ao hábito do tabagismo e etilismo. Objetivos: Avaliar a qualidade de vida, deglutição e desvantagem vocal em pacientes portadores de câncer de boca e orofaringe, e explorar a influência da radioterapia nos diferentes domínios de qualidade de vida. Casuística: Foram avaliados pacientes apresentando carcinoma espinocelular de boca e orofaringe submetidos ao tratamento cirúrgico e outras modalidades terapêuticas adjuvantes no período de setembro 2004 a abril 2005, decorridos seis a doze meses da assistência oncológica. Método: Uma ficha clínica contendo de dados demográficos, e os questionários QLQ-C30 (Qualidade Geral de Vida); H&N35 (Questionário Específico de Cabeça e Pescoço); SWAL-QOL (Questionário de Deglutição) e VHI (Índice de Desvantagem Vocal) foram aplicados. O teste de Mann-Whitney foi empregado para comparação dos valores medianos. Valores de p entre 0,10 e 0,05 foram considerados como indicativos de tendência de diferença estatisticamente significativa. Resultados: Participaram do estudo 25 pacientes sendo 64% do gênero masculino, e 44% na faixa etária de 64 a 74 anos. Dos 25 casos, 13 compreenderam lesão de cavidade oral e 12 lesão de orofaringe. Os locais de início da lesão mais freqüente foram língua e amídalas. Em relação às condições dentárias, 10 pacientes eram desdentados totais e 7 desdentados parciais. Houve leve comprometimento da QV, sendo que naqueles submetidos à RXT, houve uma piora na perda de apetite (p=0,052), e melhora na constipação (p=0,078) e na diarréia (p=0,054). Em relação a aspectos específicos de QV relacionados aos portadores de câncer de cabeça e pescoço, o impacto foi pequeno; os pacientes submetidos à RXT, apresentaram maior impacto nos domínios deglutição (p=0,009), abertura de boca (p=0,014), saliva espessa (p=0,070), percepção de olfato e paladar (p<0,000), comer socialmente (p<0,000) e problemas para falar (p=0,016), sendo que o emprego de suplementação alimentar também foi maior (p=0,008). Quanto à deglutição, nos pacientes submetidos à RXT, houve uma tendência de diferença estatisticamente significativa no domínio sono (p=0,082). Não foi notado comprometimento da QV relacionada à desordem da voz, porém os pacientes submetidos à RXT, declararam maior impacto nos domínios funcional (p=0,024) e físico (p=0,070) com pior escore final (p=0,036). Discussão: Os resultados foram comparados com dados da literatura. Foi enfatizado que o uso regular desse tipo de avaliação pode produzir conhecimento científico sistemático sobre o impacto das aplicações terapêuticas, e contribuir para a orientação e condução dos tratamentos.

ASSUNTO(S)

saude coletiva tratamento radioterápico cec qualidade de vida deglutição e voz câncer de boca e orofaringe

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