Qualidade de vida de gestantes com incontinência urinária atendidas nas unidades básicas de saúde

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2009

RESUMO

A incontinência urinária (IU) é uma doença silenciosa com prevalência de 50% em grávidas, porém não é contemplada como meta que melhore a qualidade de vida (QV) no âmbito da Saúde Coletiva. Objetivou-se (1) identificar o perfil das gestantes com IU atendidas na atenção básica de saúde do Município de Fortaleza/CE; (2) avaliar a QV das gestantes com IU e os domínios afetados de acordo com o Kings Health Questionaire KHQ; (3) identificar os sintomas urinários coexistentes com a IU e os domínios da QV comprometidos por eles; (4) criar uma tecnologia em saúde para subsidiar os profissionais na orientação sobre a IU em gestantes. Estudo quantitativo, transversal, descritivo e exploratório, em 29 unidades básicas de saúde que atendiam ao pré-natal, em todas as seis Secretarias Executivas Regionais do Município de Fortaleza/CE. Utilizou-se a fórmula da amostra aleatória simples, obtendo-se número de 96 gestantes, sendo incluídas mais 6, totalizando 102 grávidas. As participantes tinham idade entre 20 e 39 anos, feto único e idade gestacional (IG) de 32 a 41 semanas. A coleta dos dados aconteceu de julho a setembro de 2009, após aprovação do Comitê de Ética. Foram utilizados o questionário de QV (KHQ) e uma entrevista com dados sociodemográficos e obstétricos. A média de idade foi 28,57 anos (dp= 5,28 anos); a quantidade de solteiras e casadas foi igual; 48% das gestantes completaram o ensino médio; a maioria era dona de casa. Houve média de 4,75 residentes/banheiro/moradia. A renda familiar média foi 1,18 salário mínimo. Cerca de 62,7% das gestantes tinham a cor da pele não branca. A média de gestações foi 2,67; de partos 1,4 e abortos 0,33 na maioria eram primíparas, sem comorbidades, eram sedentárias, não planejaram engravidar e tinham IG média = 34,8 semanas. Nas multíparas, foi realizado o dobro de partos normais do que cesáreos, com associação positiva para a realização de episiotomia (88,9%). Houve 44,4% de recém-nascidos com peso superior a 3.500g. Os domínios da QV afetados foram (média) sono e disposição 52,56% (dp= 27,54, n= 102); impacto da IU 40,51% (dp= 31,34, n= 102); percepção geral da saúde 38,73% (dp=19,47, n= 102); emoções 27,44% (dp= 23,56, n= 102); limitações de atividades diárias 24,35% (dp= 24,67, n= 102); escala de medidas de gravidade 21,41% (dp= 17,67, n= 102); limitações físicas 12,42% (dp= 20,13, n= 102); relacionamento pessoal 10,44% (dp= 23,56,n= 75); limitações sociais 10,02% (dp= 14,22, n= 102). Além da IU, os sintomas urinários relatados foram aumento da frequência urinária (97,1%), noctúria (96,1%), IU de esforço (86%), urgência urinária (85,3%), IU de urgência (78,4%), infecção urinária frequente (70,6%), dor na bexiga (69,6%), dificuldade para urinar (59,8%), IU à relação sexual (57,8%) e enurese noturna (55,9%). As correlações mais significativas foram entre parto normal com episiotomia e número de episiotomias (p= 0,001); IU moderada a grave e sono e disposição (p= 0,01), medidas de gravidade (p= 0,022), relações pessoais (0,032) e impacto da IU (0,049); cor da pele branca, emoções (p=0,006) e aumento na frequência urinária (p=0,006); gravidez não planejada, emoções (p=0,006), enurese noturna (p=0,013), IU à relação sexual (p=0,021) e dor na bexiga (p=0,033). A IU à relação sexual foi o sintoma que mais repercutiu nos domínios da QV (p<0,0001). Concluiu-se que, apesar de a IU apresentar baixo impacto na QV da gestante, há a necessidade de profissionais de saúde mais bem qualificados para atender ao pré-natal de forma cada vez mais integrada, envolvendo os aspectos físicos, emocionais, sociais e que relacionem a IU à QV durante a gravidez.

ASSUNTO(S)

qualidade de vida - dissertaÇÕes gravidez - dissertaÇÕes incontinÊncia urinÁria - dissertaÇÕes saude coletiva

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