Qualidade da assistência pré-natal e desfechos das gestações de mulheres indígenas do Ceará. / Pregnancy results in indigenous women of Ceara in 2009.

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

20/04/2010

RESUMO

Estudar variáveis relacionadas ao perfil de grupos populacionais específicos é requisito básico para que as ações de saúde sejam efetivas. A população indígena é considerada grupo vulnerável aos agravos à saúde pelas condições de vida a que está sujeita e há uma escassez de pesquisas que contemple povos indígenas do Nordeste brasileiro. O objetivo desse trabalho foi avaliar a qualidade da assistência pré-natal e os desfechos das gestações das mulheres indígenas das áreas trabalhadas pelas equipes de saúde do Distrito Sanitário Especial Indígena do Ceará no ano de 2009, além de compará-los com os achados de um grupo de mães não indígenas que tiveram seus filhos na mesma época e que moram nas mesmas cidades que as mães indígenas. Para tal finalidade realizou-se estudo descritivo do tipo caso-controle, no qual as indígenas foram consideradas caso e as não indígenas, controle. O estudo aconteceu em seis municípios cearenses onde existem equipes de saúde da Fundação Nacional de Saúde e considerou uma amostra de 165 mães indígenas e 148 não indígenas. Para a coleta de dados realizaram-se entrevistas semi-estruradas, aplicadas no período de janeiro a outubro de 2009. Informações também foram obtidas através de cartões da gestante e declarações de nascidos vivos e de óbitos. Os dados foram analisados no software Stata v. 7. As proporções foram comparadas através do Teste do Qui-Quadrado e Exato de Fisher. Consideraram-se significativamente diferentes as probabilidades menores que 0,05. A pesquisa mostrou que o perfil sociodemográfico das indígenas e não indígenas foi bastante semelhante. A média de idade das indígenas foi de 24 anos ( 6,5) e das não indígenas 25 anos ( 6,5), maioria das indígenas (73,6%) e não indígenas (70,1%) com união estável (valor-p= 0,487) e com média de 7 (indígenas) e 8 (não indígenas) anos de estudo, sem ocupação formal. As mães indígenas (82,8%) tiveram mais acesso à água encanada que as não indígenas (70,8%), valor-p = 0,012. Observou-se que as mães indígenas iniciaram o pré-natal mais tardiamente que as não indígenas (52,5% versus 38,6%, p = 0,015). O nível 1 de Coutinho classificou o pré-natal das indígenas (63,3%) e não indígenas (50,3%) como intermediário, mas com 2,5% das indígenas e 1,4% das não indígenas com pré-natal inadequado (valor-p = 0,041). De acordo com os resultados, conclui-se que as características sociodemográficas e a qualidade da assistência pré-natal prestada são muito semelhantes para os dois grupos, com diferença apenas quanto ao início e número de consultas pré-natal que teve piores resultados entre as mães indígenas. Não foram observadas diferenças de significância estatística nos desfechos maternos e perinatais. De uma maneira geral, podemos dizer que a qualidade da assistência pré-natal e os desfechos obstétricos e perinatais são muito semelhantes entre a população indígena e as usuárias do SUS não-indígenas no Estado do Ceará.

ASSUNTO(S)

assistência pré-natal gestantes saúde indígena Índios sul-americanos saude publica prenatal care pregnancy indigenous health south american indians

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