Qual o tratamento para Infecção do Trato Urinário – ITU não complicada em mulheres?
AUTOR(ES)
Núcleo de Telessaúde Santa Catarina
FONTE
Núcleo de Telessaúde Santa Catarina
DATA DE PUBLICAÇÃO
12/06/2023
RESUMO
As infecções do trato urinário (ITU) não complicada podem se manifestar na parte inferior, a cistite ou superior, a pielonefrite e nestes casos de ITU não complicada a cultura não é obrigatória. O tratamento farmacológico empírico inicial de primeira escolha para as ITUs não complicadas, tanto cistite como a pielonefrite, as opções estão apresentadas no Quadro 1.
Em locais em que a resistência local é inferior a 20%, pode-se usar sulfametoxazol/trimetropim 160 mg/800 mg, de 12/12 h, durante três dias.
A ITU afeta mais de 10% das mulheres e aproximadamente 50% apresentam pelo menos um episódio durante a vida. A infecção urinária de repetição (ITUr) ocorre entre 10% e 15% das mulheres com mais de 60 anos de idade.
O Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC), Sociedade de Doenças Infecciosas da América (IDSA) e Sociedade Europeia de Microbiologia Clínica e Doenças Infecciosas (ESCMID) classificam as ITUs em:
1. ITU não complicada: quadro agudo, esporádico ou recorrente, no trato urinário inferior, cistite ou superior, a pielonefrite, limitado a mulheres não grávidas, sem anormalidades anatômicas e funcionais no trato urinário ou comorbidades.
2. ITU complicada, cistite ou pielonefrite, ocorre em pacientes com chance aumentada de evolução desfavorável, ou seja, grávidas, pacientes com anormalidades anatômicas ou funcionais do trato urinário, presença de cateteres urinários de demora, doenças renais ou concomitantes, como diabetes mellitus, imunossupressão ou transplante renal.
Os sintomas clássicos da cistite incluem disúria, aumento da frequência urinária, urgência miccional e, ocasionalmente, dor supra púbica e hematúria.
Os diagnósticos diferenciais incluem vaginite, uretrite aguda, síndrome da bexiga dolorosa, síndrome da bexiga hiperativa e doença inflamatória pélvica.
Em um estudo feito no Brasil, E. coli foi responsável por 75,5% das cistites agudas, seguido por Enterococcus(10%) e Klebsiella. Já a presença de febre, sensibilidade ou dor em região lombar (sinal de Giordano) indica comprometimento do trato urinário superior. O teste de nitrito positivo, feito em exame de urina com tiras reativas para uroanálise, é altamente específico. A cultura de urina para os casos de ITU não complicada não é obrigatória. Somente nos casos de ITU Complicada ou Recorrente a urocultura com antibiograma deve ser realizada.
Em relação à profilaxia das ITUs o uso de estrogênio por via vaginal na pós-menopausa tem sido utilizado, pois estimula a proliferação de lactobacilos no epitélio vaginal, reduz o pH e evita a colonização vaginal por uropatógenos, reduzindo a recorrência em 36% a 75%, além de ter como benefício uma absorção sistêmica mínima. Além disso, o estrogênio tópico diminui o risco de ITU sem aumentar o risco de câncer de mama ou endométrio em mulheres, mas possui efeitos colaterais locais como irritação. Pode-se fazer uso de estriol 1 mg ou promestrieno 10 mg, uma vez por dia, durante 15 dias, mantidos duas ou três vezes por semana.
Das medidas não antimicrobianas para a profilaxia da ITU recorrente, a opção pela imunoprofilaxia em vez da profilaxia antibiótica pode evitar o aumento das resistências aos antimicrobianos pela menor utilização deles. ImunoterapiaOM-89 (Uro-Vaxom®) é o imunomodulador com mais evidências na literatura. A imunoterapia, com a administração de cápsula oral composta de fragmentos de 18 cepas de Escherichia coli, está indicada como imunoestimulante, estimulando a produção de anticorpos contra a bactéria. É recomendável o consumo de uma cápsula ao dia, durante 90 dias, após esse período, orienta-se fazer três meses de pausa e instituir tratamento adicional do sétimo ao nono mês.
Em relação aos cuidados gerais, há ações comportamentais que auxiliam na prevenção e no tratamento das ITUs. Medidas básicas como o aumento da ingesta hídrica, cerca de 35ml/kg/dia; higienização constante das mãos; limpeza da genitália com uso de água corrente e sabonetes de PH neutro e evitar reter urina são importantes para prevenir essa patologia. Além disso, é necessário orientar os pacientes acerca dos cuidados no momento da secagem após micção, de forma que seja feita do sentido anteroposterior (uretra-ânus), contraindicado a higiene da parte interna do canal vaginal, uma vez que pode afetar a flora bacteriana local. Outrossim, ter parceiro fixo, evitar o uso de espermicidas, realizar micção logo após a relação sexual e trocar o absorvente íntimo a cada 4 horas ou sempre que necessário são ações que podem contribuir para a profilaxia da ITU ou de sua recorrência.
1. Elauar RB, Silva RPS, Santos MAOF, et all. Abordagem da infecção de trato urinário na atenção primária à saúde: uma revisão de literatura. Brazilian Journal of Health Review. 2022, 5(1):3123-3133. Disponível em:
[Acesso: 21/03/2023]
2. Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO). Infecção do trato urinário. (Protocolos FEBRASGO-Ginecologia, n. 49/ Comissão Nacional Especializada em Uroginecologia e Cirurgia Vaginal). São Paulo; 2021:16p. Disponível em:
[Acesso: 21/03/2023]
3. Tinoco M, Santos, M, Reitor C, Rodrigues A, Monteiro J. Polissacarídeo de escherichia coli na prevenção da infeção do trato urinário recorrente: uma revisão baseada na evidência. Acta Med Port. 2018 Mar;31(3):165-169. Disponível em:
[Acesso: 21/03/2023]
ASSUNTO(S)
apoio ao tratamento médico u71 cistite/outra infecção urinária cistite infecções urinárias mulheres pielonefrite
ACESSO AO ARTIGO
https://aps-repo.bvs.br/aps/qual-o-tratamento-para-infeccao-do-trato-urinario-itu-nao-complicada-em-mulheres/Documentos Relacionados
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