Qual é o significado clínico das “alterações primárias da repolarização” no ECG?
AUTOR(ES)
Núcleo de Telessaúde HC UFMG
FONTE
Núcleo de Telessaúde HC UFMG
DATA DE PUBLICAÇÃO
12/06/2023
RESUMO
As alterações da repolarização (primárias ou secundárias) são anormalidades do segmento ST e da onda T que acontecem por distúrbios na forma e/ou duração dos potenciais de ação na fase de repolarização.
A distinção entre alterações primárias e secundárias é importante, porque as etiologias e o significado clínico são diferentes nos dois casos. As alterações primárias são aquelas que acontecem na ausência de distúrbios no processo de despolarização, então o QRS terá forma e duração normais. A causa mais comum e relevante das alterações primárias é a isquemia miocárdica, e nesse caso, as alterações são localizadas em determinadas paredes que o ECG identifica: anterior, inferior, anterosseptal, etc.
As alterações isquêmicas do segmento ST e da onda T podem ser sumarizadas do seguinte modo:
Causas menos frequentes de alterações primárias da repolarização são as miocardites, drogas, alterações eletrolíticas (sobretudo relacionadas ao potássio e ao cálcio), mudanças de decúbito e hiperventilação. Nesses casos tais alterações terão uma distribuição difusa pelas derivações do ECG.
No contexto da atenção primária à saúde, durante o acompanhamento de um paciente cujo ECG mostre alterações primárias da repolarização, o médico generalista deve considerar se há sintomas sugestivos de doença cardíaca (dor torácia típica aos esforços, dispneia) e qual é o perfil de risco cardiovascular do paciente, para então decidir sobre a necessidade de extensão da propedêutica cardiológica com outros exames, como por exemplo, o teste ergométrico.
Se o paciente apresenta dor torácica de repouso com alterações primárias da repolarização no ECG, a hipótese é de angina instável ou infarto agudo do miocárdio, e é necessária a rápida transferência para uma unidade de cuidado secundário ou terciário. Cabe ressaltar que o diagnóstico de uma síndrome coronariana agudo é clínico, e pode acontecer mesmo quando o ECG é normal.
As alterações secundárias da repolarização são aquelas decorrentes de sobrecargas ventriculares, bloqueios de ramo, síndrome de pré-excitação ventricular, ectopias, ritmo de marcapasso. Têm um caráter mais difuso, e a inversão de T será assimétrica e menos apiculada. As alterações na forma e duração do QRS são a base para a definição das alterações de repolarização como secundárias.
Por último, uma observação sobre as chamadas “alterações inespecíficas da repolarização ventricular”, mais comuns do que as primárias e secundárias. O termo é geralmente aplicado a um discreto infradesnivelamento ou retificação do segmento ST, e à inversão ou achatamento da onda T, de caráter difuso, sem causa evidente. Como a própria expressão enuncia tais alterações não são diagnósticas e, isoladamente, não devem ser supervalorizadas pelo clínico.
ASSUNTO(S)
apoio ao diagnóstico médico k05 outras irregularidades dos batimentos cardíacos eletrocardiografia
ACESSO AO ARTIGO
https://aps-repo.bvs.br/aps/qual-e-o-significado-clinico-das-alteracoes-primarias-da-repolarizacao-no-ecg/Documentos Relacionados
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