Qual a relação dos transtornos psiquiátricos com o comportamento suicida?
AUTOR(ES)
Núcleo de Telessaúde Mato Grosso do Sul
FONTE
Núcleo de Telessaúde Mato Grosso do Sul
DATA DE PUBLICAÇÃO
12/06/2023
RESUMO
É importante considerar que no comportamento suicida os transtornos mentais são apenas um dos fatores associados. O suicídio, portanto, é um fenômeno multideterminado, ou seja, determinado por diversos fatores
(1)
. Ainda assim, dentre as condições (transtornos) psiquiátricas que devem ser consideradas destacam-se:
-Transtorno de personalidade;
-Transtornos por uso de substâncias psicoativas (fator predisponente ou gatilho);
-Transtornos relacionados ao trauma e/ou estresse (por exemplo, o Transtorno do Estresse Pós-Traumático);
-Transtornos dissociativos;
-Transtornos de ansiedade (principalmente ansiedade social, transtorno do pânico e transtornos de ansiedade generalizada);
-Transtornos obsessivo-compulsivos (quanto maior a gravidade dos sintomas maior o risco);
-Esquizofrenia e outros transtornos psicóticos;
-Transtornos alimentares; -Declínio cognitivo (jovens com deficiência intelectual – menor risco – e idosos com prejuízos cognitivos por quadros neurodegenerativos – maior risco);
-Transtornos de sexualidade (principalmente quando associadas a vítimas de violência sexual por parceiro íntimo e casos de abuso sexual infantil);
-Transtornos de sono (insônia e pesadelos)
(2)
.
O comportamento suicida é definido por morte autoprovocada com evidências de que a pessoa pretendia morrer, de forma consciente e intencional. É caracterizada por pensamentos de morte, ideação suicida (pensamento de causar sua própria morte), tentativa de suicídio e/ou suicídio consumado. Trata-se de uma condição responsável pela segunda maior causa de morte em crianças e adolescentes em todo o mundo
.
Segundo estimativas da Organização Mundial de Saúde quase um milhão de mortes por suicídio ocorreram em 2016 e as estimativas sugerem que 10 a 20 vezes mais pessoas tentaram suicídio
. Importante considerar que nem todo comportamento suicida está associado a transtornos psiquiátricos e que a experiência de desejo de morrer pode estar presente frente a diversas situações difíceis da vida (como por exemplo, em crises de saúde mental)
.
No entanto, é vital destacar que o suicídio é um problema de saúde pública evitável e sua prevenção aumenta de forma considerável a expectativa e a qualidade de vida. Para o desenvolvimento dessas estratégias de prevenção torna-se essencial compreender que como um evento multideterminado os suicídios apresentam um conjunto amplo de fatores de risco e/ou vulnerabilidade, mas por uma questão didática podemos dividir esses fatores em quatro grandes categorias: demográficas, diagnósticas, histórico psiquiátrico e psicológicas/sociais
.
Na categoria demográfica estão as variáveis de menor interesse clínico, pois esses fatores não podem ser modificados. No entanto, para efeitos de rastreio devem ser considerados. Os mais relevantes são idade – a população mais jovem tem maior risco – e gênero – os homens são 75% mais propensos a morrer devido o suicídio do que as mulheres
.
Em relação as categorias diagnósticas. A existência de doenças físicas não aumenta por si só o risco de suicídio, mas são fatores que predispõem a ativação tanto de fatores psicológicos, por exemplo a desesperança e a falta de sentido percebido para a vida e a perda de papeis sociais, como o agravamento de transtornos psiquiátricos
.
Em relação ao histórico psiquiátrico, embora a literatura saliente que nem todos os casos de suicídio e/ou comportamento suicida estejam relacionados a transtornos psiquiátricos é vital considerar essa questão na avaliação dos usuários dos serviços de saúde
. Alguns estudos estimam que cerca de 97% dos indivíduos que morrem de suicídio são diagnosticados com ou mais transtornos psiquiátricos
.
Por fim os fatores psicológicos são compreendidos de forma diversa a depender do tipo de abordagem utilizada (psicanálise, psicologia sócio-histórica, psicologia cognitivo-comportamental, dentre outras). No entanto, independente da abordagem existe um consenso que esses fatores devem ser levados em conta por serem passiveis de modificação por meio de intervenções psicoterapêuticas
.
Dessa forma, algumas características psicológicas são relevantes de serem observadas por sua ligação como fatores predisponentes e/ou precipitantes para o suicídio, Dentre eles podemos citar: histórico de suicídio na família, abuso sexual na infância, comportamento de isolamento social, comportamento agressivo e/ou impulsivo, desilusão amorosa, presença de conflitos relacionais, separações conjugais, problemas financeiros e/ou perca de emprego, personalidade perfeccionista e/ou pessimista e estresse crônico/excessivo
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ASSUNTO(S)
saúde mental agente comunitário de saúde p77 suicídio/tentativa de suicídio assistência à saúde mental psicoterapia suicídio transtornos mentais