Qual a conduta diante de um contato de tuberculose com resultado de teste tuberculinico acima de 10 mm?

AUTOR(ES)
FONTE

Núcleo de Telessaúde Maranhão HU-UFMA

DATA DE PUBLICAÇÃO

12/06/2023

RESUMO

Frente a um contato de tuberculose, com resultado do teste tuberculínico acima de 10mm, deve-se realizar o tratamento para tuberculose latente

. Segundo protocolos do Ministério da Saúde tem indicação de tratamento para infecção latente pelo Mycobacterium tuberculosis contatos adultos e crianças com PT ≥ 5mm ou Interferon Gamma Realease Assay (IGRA) positivo, independentemente da vacinação prévia com Bacillus Calmette-Guérin (BCG)

. O diagnóstico de tuberculose latente se dá pelo resultado positivo do teste tuberculínico, associado a exclusão do diagnóstico de tuberculose ativa

. É importante considerar que, o tratamento está contra-indicado para pacientes em uso de corticosteróides (TT ≥ 5mm) que estão com idade ≥ 65 anos ou portadores de diabetes mellitus (TT ≥ 10 mm). Em grávidas Human Immunodeficiency Virus (HIV) negativas, é recomendado iniciar o tratamento da tuberculose latente somente após o parto e, em grávidas HIV positivas, o tratamento deve ser iniciado após o 3º mês de gestação

.

A tuberculose latente (ILTB) é definida como a presença de uma resposta imune específica contra o M. tuberculosis na ausência de sinais clínicos de doença

. O número de bacilos viáveis nesses casos é desconhecido, mas acredita-se que seja baixo

. O risco de reativação da tuberculose em um indivíduo com tuberculose latente documentada é de 5-10% ao longo da vida, e a maioria desenvolve a doença nos 5 primeiros anos após a infecção inicial

. No entanto, esse risco depende de vários fatores, sendo o mais importante o status imunológico do indivíduo

. Atualmente, no Brasil, dois esquemas terapêuticos são recomendados para o tratamento da ILTB: um com isoniazida e outro com rifampicina

. No esquema de tratamento com isoniazida é adotada a dose de 5 a 10 mg/kg de peso, até a dose máxima de 300mg/dia

.  Nesse esquema terapêutico, o mais importante é o número de doses tomadas, e não somente o tempo de tratamento

. Então, os esforços devem ser feitos para que a pessoa complete o total de doses programadas

. Recomenda-se a utilização de 180 doses, que poderão ser tomadas de seis a nove meses, ou 270 doses, que poderão ser tomadas de nove a doze meses

. No esquema de tratamento com rifampicina é adotada a dose de 10 mg/kg de peso até a dose máxima de 600 mg por dia

.  Nesse esquema terapêutico, recomenda-se a utilização de 120 doses, que poderão ser tomadas de quatro a seis meses

.  O esquema com rifampicina é a primeira escolha, no Brasil, em indivíduos com mais de 50 anos, em pessoas com hepatopatias, em contatos de pacientes com monorresistência ou intolerância à isoniazida, e crianças menores de 10 anos

.  A Rifampicina está contraindicada nas pessoas vivendo com o vírus HIV (PVHIV) em uso de inibidores de protease e dolutegravir.

Atributos da APS:

Acesso – A abordagem humanizada e o estabelecimento de vínculo entre profissional de saúde e usuário auxiliam tanto no diagnostico como na adesão ao tratamento.

Coordenação do cuidado – A equipe de saúde deve estar ciente e participar de recomendações que o paciente possa receber em ambulatórios especializados ou com outros profissionais fora do território de atuação do Centro de Saúde.

Longitudinalidade – É importante o acompanhamento desses pacientes ao longo do tempo, com o vínculo é possível conhecer suas fragilidades e individualizar o seguimento.

1. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis. Protocolo de vigilância da infecção latente pelo Mycobacterium tuberculosis no Brasil. Brasília; 2018:32p. Disponível em:

2. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância em Doenças Transmissíveis. Coordenação Geral do Programa Nacional de Controle da Tuberculose. Nota informativa nº 08, de 2014 CGPNCT/DEVEP/SVS/MS. Recomendações para controle de contatos e tratamento da infecção latente da tuberculose na indisponibilidade transitória do Derivado Proteico Purificado. Brasília; 2014:4p. Disponível em:

3. Cailleaux CM. Diagnóstico e Tratamento da Tuberculose Latente. Pulmão RJ. 2012;21(1):41-5. Disponível em:

4. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Manual de recomendações para o controle da tuberculose no Brasil. (Série A. Normas e manuais técnicos). Brasília; 2011:284p. Disponível em:

5. World Health Organization. Latent tuberculosis infection: Updated and consolidated guidelines for programmatic management. Geneva; 2018:78p. Disponível em:

ASSUNTO(S)

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