Quais os tratamentos não medicamentosos para dor crônica?

AUTOR(ES)
FONTE

Núcleo de Telessaúde Santa Catarina

DATA DE PUBLICAÇÃO

12/06/2023

RESUMO

Existem várias modalidades de tratamento não medicamentoso para dor crônica: intervenções comportamentais, psicoterapia, técnicas de relaxamento, acupuntura e auriculoterapia são as principais.

Primeiramente para abordagem adequada da dor crônica é importante ter em mente que a evolução do tratamento para dor depende de respostas individuais da relação do paciente com sua própria dor¹. A dor pode ser, por exemplo, expressão de um conflito interior que de uma forma consciente ou não. A ansiedade relacionada à dor encontra-se ligada a diferentes tipos de temores, como a não compreensão da causa do problema, incapacidade de resolvê-lo, medo de que haja alguma doença muito grave e possibilidade de que o sofrimento possa se perpetuar¹. Algumas pessoas chegam a transformar sua dor no foco principal de suas vidas¹.

Portanto, os processos psicológicos, aspectos culturais, assim como as experiências passadas influenciam na percepção e resposta à dor. Em alguns casos, a mera verbalização assegura o término do processo doloroso e pode propiciar alívio total¹. Em outros, pode ser necessário emprego de uma gama de opções terapêuticas medicamentosas e não medicamentosas para manejo adequado.

As intervenções psicológicas mais importantes baseiam-se nos princípios da teoria da aprendizagem. As intervenções comportamentais visam a alteração de comportamentos óbvios, tais como tomar medicação e recorrer ao sistema de saúde ou de outros aspetos relacionados com atividades da vida profissional, pessoal e de lazer². O objetivo terapêutico dessas intervenções passa pela redução do comportamento passivo de dor e pelo estabelecimento de formas de comportamento mais ativas². Um comportamento passivo frente a dor é patológico e se traduz no evitamento ansioso de qualquer atividade física e social, pelo medo da dor².

Estratégias de modificação cognitivo-emocional, por sua vez, focam na alteração dos processos cognitivos (convicções, atitudes, expectativas, padrões e pensamentos “automáticos”). Trata-se de ensinar ao paciente estratégias de lidar com a sua dor e limitação, munindo-a com um conjunto de novas e apropriadas competências cognitivas. Por exemplo, a pessoa aprende a identificar pensamentos que desencadeiam ou mantêm a dor, a entender as características situacionais e a desenvolver estratégias alternativas para lidar com a dor². As técnicas de relaxamento, por sua vez, são eficazes porque ensinam os pacientes a produzir, intencionalmente, uma resposta de relaxamento, processo psicofisiológico que reduz o estresse e a dor. Os exercícios de relaxamento executados corretamente podem contrariar as respostas fisiológicas de curto prazo e prevenir um circuito de feedback positivo entre a dor e as reações de estresse². A acupuntura é outra opção excelente para tratamento da dor crônica. A OMS apoia o uso de acupuntura para tratamento de dores lombares, pós-operatórias e as reações adversas à radioterapia e à quimioterapia². Em 1997, uma Conferência de Consenso no National Institutes of Health (NIH), nos Estados Unidos, concluiu que a Acupuntura é eficaz no alívio da dor, das náuseas e da osteoartrose. Quanto a auriculoterapia, estudos

demonstraram que é um tratamento efetivo principalmente para diminuição da ansiedade e estresse o que levou a uma redução da percepção da dor nos pacientes durante o tratamento. e apontam que a acupuntura auricular tem alta taxa de efetividade, taxa e cura, baixa taxa de recorrência da afecção.

Existem ainda outras abordagens terapêuticas: atividade física regular, ioga¹, terapia com calor local, massagem ou fisioterapia que podem ser utilizadas conforme a capacidade física do doente e sob supervisão de profissional habilitado

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À medida que aprendem progressivamente estas técnicas, os doentes vão tendo mais capacidade de reconhecer a tensão interna, o que também os torna mais conscientes das situações e das fontes pessoais de estresse².

A partir dessa discussão, pode-se pressupor que o tratamento da dor crônica é sempre interdisciplinar. Assim, torna-se fundamental que as equipes responsáveis por tais pacientes elaborarem um projeto terapêutico singular (PTS) para cada caso no intuito de melhor manejar o sintoma da dor. O PTS é um conjunto de propostas de condutas terapêuticas articuladas que resultam da discussão coletiva de uma equipe interdisciplinar, com apoio matricial se necessário

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1 IASP. Guia para o Tratamento da Dor em Contextos de Poucos Recursos. 2010. Disponível em:

[último acesso dia 23 de nov de 2015]

2 BASTOS DF et al. Dor. Rev. SBPH [online]. 2007; 10 (1) 85-96 Disponível em:

3 KUREBAYASHI   LFS, FREITAS GF, OGUISSO T. Enfermidades tratadas e tratáveis pela acupuntura segundo percepção de enfermeiras. Rev. esc. enferm. USP [online]. 2009; 43(4): 930-936. Disponível em:

4 ZANELATTO AP. Avaliação da acupressão auricular na síndrome do ombro doloroso: estudo de caso. Rev. bras. enferm. [online]. 2013; 66(5): 694- 701. Disponível em:

5 BRASIL. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas: Dor Crônica. Portaria SAS/MS nº 1.083, de 02 de outubro de 2012. Disponível em :

6 BRASIL. Clínica ampliada, equipe de referência e projeto terapêutico singular. 2. ed. – Brasília: Ministério da Saúde, 2007. 60p.  Disponível em:

ASSUNTO(S)

apoio ao tratamento médico a50 medicação / prescrição / pedido / renovação / injeção dor crônica d - opinião desprovida de avaliação crítica/baseada em consensos/estudos fisiológicos/modelos animais

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