Psicoterapia para crianças e adolescentes abrigados: construindo uma forma de atuação

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2006

RESUMO

O objetivo desse estudo foi compreender os desafios enfrentados pelo psicoterapeuta no atendimento psicológico de crianças e adolescentes institucionalizados. Os participantes foram oito psicoterapeutas, que atenderam mais de um cliente, durante o período mínimo de um ano. Tratou-se de um estudo descritivo qualitativo, por meio de entrevistas individuais, no qual se pesquisou a construção de significados pelos sujeitos. Os resultados revelaram um terapeuta que acredita ter algo a contribuir, implicado em projetos sociais e com interesse genuíno pela população atendida. Como características pessoais destacaram-se: tolerância, persistência, estabilidade, disponibilidade, flexibilidade e criatividade. Esses profissionais viram-se inseridos numa rede, na qual o abrigo ocupa lugar central. Evidenciou-se a importância de ter conhecimentos sobre o contexto e a vivência de crianças abrigadas, abarcando temas como: violência, abandono, luto, funcionamento das instituições, legislação. O abrigo foi percebido como tendo papel de suma importância na vida desses jovens, podendo ser um espaço de acolhimento e pertinência ou constituir-se em mais um perpetuador da violência e do abandono. Os principais desafios enfrentados pelos terapeutas foram: identificar as demandas dos clientes; construir vínculo com os jovens; integrar as diferentes realidades do terapeuta e do cliente; lidar com os próprios sentimentos despertados pelos atendimentos; construir uma relação de parceria com a instituição; compreender o lugar do terapeuta e as funções da psicoterapia para jovens abrigados. Conclui-se que a psicoterapia para crianças e adolescentes institucionalizados é uma intervenção possível de ser utilizada, como meio de elaboração da vivência de violência e rompimento de vínculos afetivos importantes. A partir dos desafios e das soluções encontradas, apontaram-se algumas diretrizes para seleção e treinamento de profissionais, a fim de contribuir para a construção de atendimentos cada vez mais efetivos para crianças e adolescentes abrigados

ASSUNTO(S)

psicoterapia psicoterapia do adolescente criancas -- assistencia em instituicoes crianças e adolescentes psicologia abrigo psicoterapia infantil

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