Psicodermatologia e abordagem cognitivo-comportamental : contribuições para o enfrentamento do vitiligo

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

09/12/2011

RESUMO

O vitiligo é uma doença dermatológica caracterizada pela despigmentação da pele, com formação de manchas. Sua origem ainda não é completamente compreendida, seu tratamento é lento e produz poucos resultados (Taborda, Weber, &Freitas, 2005). Seus efeitos estendem-se desde as alterações físicas até problemas de qualidade de vida (envolvendo diminuição da autoestima, prejuízos nos relacionamentos e no repertório cognitivo e comportamental) (Jorge, Müller, Ferreira, &Cassal, 2004; Krishna, 2009; Ludwig, 2007; Ludwig, Oliveira, Müller, &Gonçalves, 2008; Ludwig, Oliveira, Müller, &Moraes, 2009; Mota, Gon, &Gon, 2009; Papadopoulos, 2005; Sant‟Anna, Giovanetti, Castanho, Bazhuni, &La Selva, 2003; Silva, Müller, &Bonamigo, 2006). Esses efeitos psicossociais são compreensíveis visto que a pele é um órgão de comunicação através do qual o ser humano realiza o contato físico com o meio e demonstra emoções, independente de haver ou não consciência destas (Müller, 2005). De acordo com Müller (2005), a pele possui ligações com o sistema nervoso que a tornam bastante sensível às emoções, sem depender da consciência. Além disso, atua como uma proteção e como um limite entre a pessoa e o ambiente externo, e reage a estímulos ambientais internos (e. g., emoções) e externos (e. g., temperatura) (Hoffmann, Zogbi, Fleck, &Müller, 2005). Para a comunidade verbal, as doenças de pele podem estar associadas à idéia de contágio ou falta de asseio pessoal, o que pode resultar em afastamento e até preconceito em relação aos portadores de tais doenças (Hoffmann et al., 2005). Sendo o maior órgão externo do corpo humano, a pele fica mais exposta ao olhar das pessoas (Ludwig et. al, 2009) e, consequentemente, ao seu julgamento. De acordo com Vilhena, Medeiros e Novaes (2005), a pele concentra o que há de mais íntimo, pessoal e com maior atribuição de valor social. Rugas, estrias, celulites e manchas são consideradas marcas indesejáveis (Goldenberg, 2005), contra as quais se luta ao modelar o corpo de acordo com os ideais de beleza, e se encontram exatamente na superfície do corpo, no órgão mais exposto a pele. O portador de vitiligo não atende esses ideais. Seu corpo carrega as marcas de uma doença que não tem compromisso com os padrões estéticos culturais e que, apesar de ser aparentemente inofensiva, ao entrar em conflito com esses padrões gera problemas como os já citados aqui. A imagem, projetada pelo corpo de cada um, funciona como o cartão de visita através do qual nos apresentamos aos outros (Lacerda &Queirós, 2004, p. 1). As percepções e expectativas que uma pessoa tem de outra, inclusive quanto à sua aparência, condicionam o modo como os indivíduos se colocam no processo de interação com o outro (Queiroz &Otta, 2000). Considerando essas afirmações, que consequências sociais podem ser esperadas na vida de alguém que apresenta um cartão de visita culturalmente pouco atrativo devido ao vitiligo? De que forma o julgamento social incide sobre o portador de vitiligo e seu comportamento? Quais as formas de enfrentamento que esses portadores possuem ou desenvolvem para conviver com a doença? Se, como afirmou Fiorin (1993), o homem aprende a ver o mundo através dos discursos que assimila ao longo de sua vida, como o portador de vitiligo vê a si mesmo diante dos discursos estéticos que o cercam? O presente trabalho teve como objetivo descrever e analisar o contexto em que estão inseridas pessoas que se encontram na condição de portadores de vitiligo, as experiências vividas em função da doença e os comportamentos de enfrentamento que emitem diante dos estressores que acompanham esta dermatose. A seguir são apresentados três estudos em formato de artigo científico e um estudo em formato de artigo especial de divulgação on line, a cartilha. O primeiro estudo tem caráter exploratório e descreve o contexto em que estão inseridos os portadores de vitiligo que participaram desta pesquisa, desde a descoberta da doença até a data de sua participação. O segundo estudo trata-se de uma análise quantitativa e qualitativa das respostas de enfrentamento emitidas pelos participantes em situações relacionadas à doença, e das variáveis que se relacionam com a emissão dessas respostas. O terceiro estudo propõe técnicas e procedimentos terapêuticos que podem ser utilizados em um contexto psicoterapêutico com portadores de vitiligo, utilizando a Terapia Cognitivo-Comportamental. A cartilha destina-se aos portadores de vitiligo. Foi elaborada como artigo especial de divulgação on line, e será disponibilizada pela pesquisadora em seu site profissional

ASSUNTO(S)

vitiligo terapia cognitiva psicologia psicologia

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