Psicobiologia dos maus-tratos na infância: efeitos de peso alostático?

AUTOR(ES)
FONTE

Revista Brasileira de Psiquiatria

DATA DE PUBLICAÇÃO

2008-03

RESUMO

OBJETIVO: Frente a uma situação psicossocial ou física adversa, o indivíduo é forçado a se adaptar de maneira que possa sobreviver. Alostase é o termo utilizado para descrever os processos adaptativos usados para manter a estabilidade de um organismo por meio de processos ativos. Quando a resposta alostática é excessiva ou ineficiente, o organismo desenvolve um peso alostático. A cascata de efeitos moleculares e neurobiológicos associados ao abuso e negligência na infância poderia ser um exemplo de respostas alostáticas e, dessa forma, poderia precipitar peso alostático em um organismo ainda vulnerável no seu desenvolvimento. Este artigo revisa as conseqüências psicobiológicas relacionadas com os maus-tratos na infância. MÉTODO: Uma revisão seletiva com base sistemática foi realizada na base de dados MedLine, procurando artigos em inglês que investigassem uma associação direta e explícita entre maus-tratos na infância e conseqüências psicobiológicas em humanos durante o período de 1990-2007. RESULTADOS: De 115 artigos, foram selecionados 55 estudos do MedLine e 30 de suas listas de referências, num total de 85 artigos (JCR IF: 1-31,4; mediana: 5,88). Especificamente apenas 29 estudos investigaram uma associação direta e explícita entre eles. CONCLUSÃO: Em resumo, as conseqüências estruturais dos maus-tratos na infância incluem anormalidades no desenvolvimento do corpo caloso, neocórtex esquerdo, hipocampo e amígdala; as conseqüências funcionais incluem um aumento da irritabilidade nas áreas límbicas, disfunções do lobo frontal e redução da atividade funcional do vermis cerebelar; e as conseqüências neuro-humorais englobam a reprogramação do eixo HPA e subsequentemente à resposta ao estresse.

ASSUNTO(S)

maus-tratos infantis estresse, psicológico neurobiologia desenvolvimento infantil alostase

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