Proveniência de sedimentos dos grupos Canastra, ibiá, Vazante e Bambuí : um estudo de zircões detríticos e idades modelo Sm-Nd

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

Esta tese visa investigar a origem dos detritos dos grupos Canastra, Vazante, Ibiá e Bambuí além da Formação Jequitaí. Análises integradas de U-Pb em zircões detríticos via SHRIMP e LAM-ICP-MS e Sm-Nd em rocha total permitiram determinar limites deposicionais, indicar possíveis fontes de sedimentos e fornecer elementos para interpretações tectônicas. O Grupo Canastra constitui uma seqüência regressiva de margem passiva, composta principalmente por rochas metapelíticas e metapsamíticas metamorfizadas em fácies xisto verde incluindo filito, metarritmito, quartzito e restritas intercalações de calcário e filito carbonático. O Grupo Vazante representa uma seqüência detrito-carbonática constituída principalmente por quartzitos, ardósias, conglomerado, siltito e dolomitos estromatolíticos. O Grupo Ibiá apresenta localmente um diamictito basal recoberto por filitos e calci-xistos, que são os principais constituintes do grupo. A Formação Jequitaí é uma unidade glacial, representada principalmente por diamictitos, que ocorre cobrindo vastas áreas do Cráton São Francisco e com algumas exposições na Faixa Brasília. Suas rochas são recobertas por carbonatos do Grupo Bambuí, o qual representa uma seqüência carbonática-siliciclástica com crescente componente detrítico para o topo. Os dados U-Pb em zircão permitiram identificar as populações ou grãos detríticos mais jovens das unidades e estabelecer os limites máximos para deposição que são de 1030, 935, 640, 880 e 610 Ma para os Grupos Canastra, Vazante, Ibiá, Formação Jequitaí e Grupo Bambuí, respectivamente. De maneira geral foi observada pouca contribuição de terrenos arqueanos nos sedimentos estudados. O Cráton São Francisco-Congo revelou-se um importante fornecedor de detritos, especialmente para os grupos Canastra e Vazante. Já os dados dos grupos Ibiá e Bambuí evidenciaram a considerável presença de rochas da Faixa Brasília no suprimento de sedimentos. Dentre as amostras analisadas para U-Pb, somente as do Grupo Canastra não apresentaram grãos Neoproterozóicos. O espectro de idades dos grãos detríticos apresentados pelo Grupo Canastra inclui um largo intervalo de idades (1030-2996 Ma), com significativo componente Paleoproterozóico (~1,8 e ~2,1 Ga) e uma importante fonte Mesoproterozóica (1,1-1,2 Ga) para a Formação Paracatu. Estes resultados associados aos dados Sm-Nd, que forneceram TDM superiores a 1,9 Ga, são consistentes com o ambiente de uma margem continental passiva para o Grupo Canastra. As formações do Grupo Vazante forneceram padrões variados de idade U-Pb de zircões detríticos em um intervalo de 935 a 3520 Ma, porém de maneira geral terrenos de ~2,1 Ga constituem a principal fonte de sedimentos de boa parte das formações. A população mais jovem (~950 Ma) ocorre apenas nas unidades basais do Grupo Vazante, sugerindo que esta fonte foi isolada ou recoberta durante a evolução da bacia. No entanto, dados Sm-Nd revelam a participação de terrenos jovens em praticamente em todo o grupo, em especial na Formação Lapa (TDM de 1,67 a 2,00 Ga). A Formação Serra do Garrote apresentou predominância de fontes Paleoproterozóicas, tanto nas análises Sm-Nd como nas U-Pb. O topo do grupo é marcado por uma significativa mudança de fontes. Nas formações Morro do Calcário e Lapa um forte pico de idades entre 1,1-1,2 Ga representa a principal fonte, seguido por pequenas contribuições Paleoproterozóicas. Terrenos do Cráton São Francisco-Congo são considerados as principais fontes dos sedimentos do Grupo Vazante, que pode ser interpretado como uma seqüência associada a uma margem continental passiva. Os dados Sm-Nd da Formação Lapa não são totalmente compatíveis com esta interpretação e podem indicar a aproximação de terrenos significativamente mais jovens, tais como o Arco Magmático de Goiás. Os zircões do diamictito do Grupo Ibiá apresentaram idades entre 936 e 2500 Ma. Em contraste, os calcifilitos que sobrepõem os diamictitos revelam a dominante proveniência de fontes Neoproterozóicas, com importantes picos em 665, 740 e 850 Ma. Os dados Sm-Nd apresentam comportamento bimodal, com intervalos de TDM de 1,16-1,46 e 1,58-2.01 Ga.Terrenos do Cráton São Franciso e Arco Magmático de Goiás são as mais prováveis fontes do grupo, que possivelmente representa uma seqüência do tipo fore-arc. A distribuição de idades dos zircões detríticos dos diamictitos da Formação Jequitaí indicam fontes Paleoproterozóicas dominantes (2,0-2,2 Ga) assim como fontes Mesoproterozóicas e Neoproterozóicas (~880 Ma). Estes dados sugerem detritos provavelmente derivados dos Cráton São Francisco-Congo. Os dados Sm-Nd e U-Pb de grãos detríticos do Grupo Bambuí demonstraram grande variação longitudinal e temporal em suas fontes. Os padrões de idades de zircão e monazitas do Conglomerado Carrancas são idênticos aos encontrados em rochas do Complexo Belo Horizonte, o que indica que os sedimentos derivam de uma fonte local. As análises U-Pb de amostras da região da Serra de São Domingos revelaram a principal contribuição de fontes Paleoproterozóicas assim como importante aporte de material Neoproterozóico e um pequeno componente arqueano. As amostras do segmento sul do grupo apresentaram padrão simples de idades, com a dominante presença de zircões Neoproterozóicos (principalmente ~640 Ma). Os dados Sm-Nd apontam a crescente contribuição de material juvenil para o topo do grupo, com idades modelo variando de ~2,5 Ga para a Formação Sete Lagoas a ~1,5 Ga para Formação Três Marias. O conjunto de dados corrobora a interpretação de que o Grupo Bambuí representa uma bacia foreland, com sedimentos originais derivados principalmente de rochas da Faixa Brasília e subordinamente do Cráton São Francisco-Congo. As idades dos zircões detríticos da seqüência superior da Formação Sete Lagoas (com importante componente de 610-640 Ma) em associação a dados previamente publicados de Pb-Pb de ca. 740 Ma da seqüência inferior, reforçam a sugestão baseada em dados geofísicos de que a seqüência inferior não pertença ao Grupo Bambuí.

ASSUNTO(S)

idade sm-nd depósitos neoproterozóicos faixa brasília idade u-pb proveniência geologia zircões detríticos

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