Proteína oligomérica da matriz da cartilagem (COMP/trombospondina 5) em doenças reumáticas prevalentes e infarto agudo do miocárdio

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2007

RESUMO

Introdução: A proteína oligomérica da matriz da cartilagem (COMP) é uma glicoproteína não-colágena, pentamérica, pertencente à família das trombospondinas (TSPs). Participa de processos da estruturação da matriz extracelular, mobilidade celular e organização do citoesqueleto. A expressão da COMP foi evidenciada na cartilagem e humor vítreo, e também em células musculares lisas e mesenquimais, incluindo sinoviócitos e fibroblastos da derme. A COMP atua na estruturação da cartilagem ao interagir com fibrilas de colágenos I e II. O processo de cicatrização pós-infarto agudo do miocárdio (IAM), por sua vez, inclui alto teor de colágeno tipo I e preservação da matriz extracelular, sendo possível a participação da COMP nesta circunstância. Objetivo: Verificar se níveis séricos de COMP, quando alterados, associam-se à presença de doenças reumáticas prevalentes (artrite reumatóide, osteoartrite) e de infarto agudo do miocárdio (IAM). Pacientes e Métodos: Neste estudo de caso-controle, os casos consistiram de pacientes com artrite reumatóide (AR), osteoartrite (OA) e IAM. Os pacientes com AR e OA foram selecionados a partir de base de dados e biobanco autorizado com diagnóstico confirmado segundo os critérios do Colégio Americano de Reumatologia. Os pacientes com IAM foram selecionados a partir de base de dados e biobanco autorizado, sendo o diagnóstico previamente confirmado por cardiologistas de acordo com critérios tradicionais. O grupocontrole consistiu de doadores de sangue selecionados consecutivamente, sem queixas reumáticas ou cardiovasculares na anamnese efetuada pelo hemoterapeuta. A COMP foi dosada quantitativamente por imunoensaio enzimático. Um nível de significância de 5% foi considerado para valores P. Para estimar o grau de associação entre níveis de COMP e doença, razões de chances (odds ratios, OR) foram calculadas. A comparação entre os grupos foi realizada com análise de variância. O desempenho diagnóstico da COMP nos grupos estudados foi apresentado através da sensibilidade, especificidade e razão de verossimilhança (likelihood ratio, LR). Resultados: Foram estudados 269 indivíduos (100 controles, 63 com AR, 40 com OA e 66 com IAM). A média de idade nos grupos foi: controle = 486 anos; AR = 5414 anos, OA = 659 anos e IAM = 5810 anos (P<0,05 para os grupos IAM e OA em relação ao grupo controle e P>0,05 para o grupo AR em relação ao grupo controle). O sexo feminino predominou nos grupos AR e OA, e o masculino nos grupos controle e IAM. A maioria dos indivíduos com AR e OA tinham menos de 10 anos de doença. Os níveis médios de COMP ajustados para idade e sexo nos grupos controle, AR, OA e IAM foram respectivamente 7,30,5, 12,90,7, 13,11,1 e 3,0+0,6, com diferença significativa de todos os grupos de casos em relação ao grupo-controle (P<0,01). O ponto de corte que melhor discriminou os grupos AR e OA foi 12 U/L. Para o grupo IAM, o ponto de corte mais discriminativo foi 4 U/L. O desempenho da COMP na AR evidenciou especificidade de 95% (IC95% 88,7-98,4) e sensibilidade de 47,6% (IC95% 34,9-60,6). Quanto à probabilidade de desfecho AR, o LR positivo foi moderado (9,5, IC95% 3,9-23,3). Níveis de COMP acima de 12 U/L se associaram fortemente à presença de AR (OR 17,3, IC95% 5,7-55,7). O desempenho da COMP na OA evidenciou especificidade de 95% (IC95% 88,7-98,4), e sensibilidade de 37,5% (IC95% 22,7-54,2). O LR positivo foi moderado (7,5, IC95% 2,9- 19,3). Níveis de COMP acima de 12U/L se associaram fortemente à presença do desfecho OA (OR 11,4, IC95% 3,4-40,2). O desempenho da COMP no IAM evidenciou especificidade de 82% (IC95% 73-89,0) e sensibilidade de 66,7% (IC95% 54-77,8). O LR positivo foi baixo (3,7, IC95% 2,4-5,8). Níveis de COMP abaixo de 4 U/L se associaram fortemente à ocorrência de IAM (OR 9,1, IC95% 4,2-20,1). Conclusões: Níveis de COMP superiores a 12 U/L se associaram fortemente à AR e OA, e conferiram alta especificidade no diagnóstico dessas doenças. Níveis de COMP inferiores a 4 U/L se associaram definidamente com IAM, e conferiram moderada especificidade. Níveis de COMP superiores a 12U/L cursaram com moderada probabilidade de desfecho AR e OA. Como um todo, alterações nos níveis séricos de COMP, usando-se os referidos pontos de corte, discriminaram pacientes com AR, OA e IAM de controles sadios

ASSUNTO(S)

medicina cardiopatias marcadores biolÓgicos cardiologia proteÍnas osteoartrite infartos

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