Própolis: caracterização físico-química, atividade antimicrobiana e antioxidante / Propolis: physiochemical characterization, antifungal activity and antioxidant

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2009

RESUMO

A própolis é um produto natural, produzido pelas abelhas que coletam resina de brotos, folhas e exsudatos de plantas e é modificado pela mistura de secreções salivares, pólen e cera. Destaca-se por suas inúmeras propriedades, dentre as quais estão: antimicrobiana, anti-inflamatória, cicatrizante, antioxidante, antitumoral, anestésica e anticariogênica. Inúmeros fatores contribuem para a diversidade de características e qualidade da própolis, tornando-a um material de composição complexa. Diversos autores conferem ao extrato aquoso as mesmas propriedades do extrato etanólico. Devido à discrepância com relação às informações sobre as propriedades do extrato aquoso, faz-se necessário o desenvolvimento de estudos comparativos visando esclarecer tais aspectos. Assim, o presente trabalho teve por objetivo determinar alguns indicadores de qualidade de extratos de própolis realizando quatro experimentos. O primeiro experimento teve como objetivo avaliar a atividade antifúngica de extratos aquoso e etanólico de própolis provenientes de duas amostras distintas (própolis C e V) e obtidos a partir de três temperaturas de extração (50, 70 e 95C) e com duas concentrações finais (2 e 4%) sobre alguns fungos (Alternaria brassicae, Botrytis cinerea, Colletotrichum gloeosporioides, Colletotrichum musae, Lasiodiplodia theobromae, Mucor sp., Phythophtora capsici, Rhizoctonia solani, Rhizopus stolonifer e Sclerotium rolfsii) causadores de doenças pós-colheita. Os extratos etanólicos apresentaram maior capacidade de inibição fúngica, enquanto os extratos aquosos foram pouco eficazes. Dentre os efeitos principais testados, o solvente mostrou grande importância na extração dos compostos antifúngicos, onde os extratos etanólicos de própolis foram os mais efetivos. A concentração de 4% foi a que apresentou melhor desempenho no controle do crescimento micelial. De modo geral, o comportamento foi variável entre as diferentes espécies de fungos. Não foi constatada associação ao grupo filogenético dos fungos e a sua sensibilidade a própolis. O fungo mais sensível foi Mucor sp., com 100% de inibição do crescimento micelial pelos extratos etanólicos. Lasiodiplodia theobromae foi o fungo mais tolerante aos extratos de própolis. O segundo experimento teve como objetivo avaliar a atividade antibacteriana de diferentes extratos etanólico e aquoso de própolis, oriundos de duas origens distintas (própolis C e V) e obtidos a partir de duas temperaturas (50 e 70C) de extração sobre três isolados bacterianos (Staphylococcus aureus, Escherichia coli e Salmonella choleraesius). Verificou-se que os dez extratos de própolis estudados tiveram pouco efeito sobre a inibição do crescimento de E. coli (halos de 0 a 1,2 mm). Para S. aureus os extratos etanólicos preparados a 70C, de ambas as origens apresentaram um halo de inibição considerável (2,3 mm). Em relação à S. choleraesius os extratos etanólico a 70C (própolis C), aquoso a 50C (própolis V) e etanólico a 70C (própolis V) apresentaram uma boa atividade antibacteriana com halos que variaram de 2,0 a 3,1 mm. O terceiro experimento teve como objetivo realizar a caracterização físico-química (umidade, cinzas, fenóis totais, flavonóides totais, compostos voláteis, espectro de absorção), análise microbiológica (contagem de fungos filamentosos e leveduras), caracterização sensorial e atividade antioxidante da própolis bruta e dos extratos aquosos e etanólicos de própolis. As duas própolis brutas (C e V) estudadas estão de acordo com o exigido pela legislação quanto ao percentual de cinzas, com valores de 2,6 e 3,4%. Quanto à umidade a própolis V encontra-se dentro do padrão exigido 7,6% (máximo de 8%), enquanto a própolis C apresentou um valor acima do permitido, 8,6%. O percentual de compostos voláteis foi de 0,63% para a própolis C e de 1,0% para a amostra de própolis V. No espectro de absorção, os extratos apresentaram uma variação de 290,6 a 299,2 nm, sendo que os etanólicos foram os que apresentaram os maiores comprimentos de onda. A própolis C e extratos etanólico e aquoso apresentaram contagem baixa para fungos filamentosos e levedura (<10 UFC/g), e a própols V uma contagem de 4,9 x103 UFC/g. Quanto a caracterização sensorial, as amostras de própolis brutas apresentaram conformidade com a legislação brasileira vigente. Em relação ao teor de fenóis, todos os extratos avaliados encontram-se de acordo com a legislação brasileira. Os extratos aquosos apresentaram teores de flavonóides que variaram de 0,21 a 0,30% e os extratos etanólicos valores de2,66 a 3,60%. Em relação a atividade antioxidante observou-se que todos os extratos apresentaram uma baixa atividade, sendo que os extratos etanólicos com maior atividade antioxidante em relação aos extratos aquosos. No quarto ensaio realizaram-se dois experimentos com o objetivo de avaliar o efeito inibitório de diferentes extratos comerciais de própolis (aquoso, etanólico e propilenoglicol) nas concentrações 0,1; 0,5; 1,0 e 1,5% sobre a germinação de conídios dos fungos Aspergillus flavus, Alternaria brassicae, Bipolaris sorokiniana e Colletotrichum musae, e o crescimento micelial dos fungos Botrytis cinerea, Colletotrichum gloeosporioides, Lasiodiplodia theobromae, Phythophthora capsici e Rhizopus stolonifer, em que utilizaram-se preparações de extratos de própolis (aquoso e alcoólico) obtidas no laboratório, nas concentrações de 2 e 3%. Todos os fungos estudados são considerados importantes fitopatógenos em pré e pós-colheita. Os extratos aquosos não apresentaram efeito inibitório da germinação e do crescimento micelial dos fungos avaliados. Os extratos alcoólicos e de propilenoglicol inibiram em mais de 80% a germinação de conídios de A. brassicae e C. musae nas concentrações de 0,5 e 1,0%, respectivamente. Embora a germinação dos conídios de A. flavus e B. sorokiniana não tenha sido inibida, observou-se a redução do tubo germinativo em relação à testemunha. Maiores índices de inibição do crescimento micelial foram alcançados nas preparações com álcool a 3% para todos os fungos testados. Lasiodiplodia theobromae foi o fungo menos suscetível, enquanto P. capsici o mais suscetível. Os demais fungos apresentaram um comportamento variável.

ASSUNTO(S)

qualidade própolis propriedades ciencia de alimentos propolis quality properties

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