Projeto intensivo no ciclo I: um estudo de caso etnográfico a partir da Psicologia Escolar / Projeto Intensivo no Ciclo I: an ethnographic case study from School Psychology

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

29/08/2012

RESUMO

Na rede pública estadual paulista, a partir de 1990, Políticas Públicas, Programas e Projetos, têm sido gerados com intuito de enfrentar fenômenos referente ao não acesso à Educação, altas taxas de evasão e repetência, frutos de sistema de exclusão escolar. Deste modo, por meio de políticas de universalização do acesso em âmbito nacional, as questões da qualidade do ensino passaram a ser avaliadas por sistemas mais sofisticados. Um dos índices utilizados no estado de São Paulo é o Sistema de Avaliação de Resultados do Estado de São Paulo SARESP em que se evidencia que um número significativo de crianças não estava se beneficiando da escola, frequentando séries avançadas do Ensino Fundamental, muitas vezes sem saber ler e escrever, ou sabendo muito pouco; ou seja, o fracasso escolar foi tomando outra vestimenta, mais sutil, menos perceptível. Tais constatações geraram programas de enfrentamento, dentre eles, o Programa Ler e Escrever, tendo como um de seus desdobramentos as classes de Projeto Intensivo no Ciclo PIC. Neste sentido, estudar esta instância possibilita compreender aspectos de constituição dessa proposta política no estado de São Paulo. Assim sendo, o presente estudo visa analisar aspectos que constituem o Projeto Intensivo no Ciclo PIC, no cotidiano escolar, a partir de uma perspectiva crítica em Psicologia Escolar, a fim de contribuir para compreensão do processo de escolarização, na direção de uma Educação enquanto direito social. As classes de PIC se destinam a crianças que cursam a 3ª série do Ensino Fundamental e que não possuem os requisitos mínimos para o ano, que é o domínio da leitura e da escrita. O Ler e Escrever, em sua totalidade, é um Programa recente, foi implantado na rede estadual de ensino, em 2008, e origina-se de experiência na rede municipal da capital paulista, em 2006. A partir de um estudo de caso etnográfico, realizaram-se visitas semanais, durante um ano letivo, a uma classe de 3ª PIC, de uma escola estadual paulista, entrevistas como coordenador pedagógico da escola, o professor regente da sala e conversa com alunos em pequenos grupos. Buscou-se compreender o objeto de estudo transitando entre as diversas fontes de campo e os documentos que compunham o discurso oficial, como as resoluções do programa, apresentação do material pedagógico, textos disponibilizados nos endereços eletrônicos do Programa e depoimentos de dirigentes responsáveis pelo Programa Letra e Vida, em processo de análise por meio de triangulação desses diferentes materiais. Assim, a partir da análise, verificou-se que a PIC, apesar de trazer em sua base um reconhecimento oficial de que crianças não estavam aprendendo, propiciando ações para reverter esse quadro, é consequência da precariedade das condições de trabalho presentes na escola, das dificuldades estruturais enfrentadas na Rede Estadual Paulista e que ainda não consegue romper com críticas fundadas em práticas homogeneizantes, intensificando rótulos atribuídos aos alunos que apresentem dificuldades no processo de escolarização e não rompendo com a situação de isolamento docente na realização de sua tarefa. Esta pesquisa corrobora outros estudos que têm defendido que as práticas escolares veiculadas no interior de programas de enfrentamento das dificuldades escolares inserem-se nas políticas educacionais das redes públicas de ensino, sendo atravessadas pelas dificuldades e desafios ainda presentes nessas políticas

ASSUNTO(S)

basic school educational public policies ensino fundamental i fracasso escolar intensive project in basic education políticas públicas em educação projeto intensivo no ciclo i psicologia escolar school failure school psychology

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