Produção de resina de breu (Burseraceae) no assentamento rural Cristo Rei do Uatumã - Amazonas

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

04/09/2009

RESUMO

A coleta da resina de breu é feita há muito tempo pelas populações locais na Amazônia brasileira com diversas finalidades. Nesta região, as Burseraceae são conhecidas por serem árvores produtoras de resina e também por sua alta representatividade ecológica. O conhecimento de características ecológicas das espécies, bem como o desenvolvimento de técnicas adequadas para a extração da resina, podem gerar diretrizes rumo ao manejo sustentável destas, constituindo como uma opção de uso múltiplo e valoração da floresta. O presente estudo foi realizado em florestas de terra firme no Assentamento Rural Cristo Rei do Uatumã, no município de Presidente Figueiredo AM (02 2 54.79 S e 60 01 39.63 W). Os objetivos foram: avaliar a composição florística e estrutural das espécies da família Burseraceae presentes na área de estudo; avaliar a produção natural de resina entre as espécies de Burseraceae; avaliar a produção natural de resina em função das diferentes classes de diâmetro; avaliar a produção de resina induzida da espécie Protium hebetatum por meio da aplicação de cortes (painel de corte) com e sem a aplicação de estimulante químico em diferentes concentrações (ethephon a 5 e 10%). Para o primeiro objetivo foram analisadas cinco parcelas de um hectare cada, localizadas em diferentes propriedades dentro do assentamento. Foi realizado um inventário florestal nas parcelas selecionadas onde todos os indivíduos arbóreos vivos com DAP ≥ 10 cm foram registrados, identificando-se apenas árvores da família Burseraceae. Das 2.399 árvores registradas nos cinco hectares, 205 (8,8%) pertenceram à família Burseraceae. Foram identificadas 36 espécies divididas em três gêneros: Protium, Tetragastris e Dacryodes. O gênero Protium foi o de maior representatividade (99% das ocorrências), com destaque para as espécies P. hebetatum (115 indivíduos; 56%), P. apiculatum (18 indivíduos; 8,8%), P. strumossum (8 indivíduos; 3,9%), P. spruceanum (7 indivíduos; 3,4%) e P. aracouchini (6 indivíduos; 2,9%). A produção natural de resina foi avaliada por meio de duas coletas num intervalo de seis meses. Das 203 árvores de Protium identificadas, apenas 22% produziram resina na Coleta 1 (2245g), enquanto 11% produziram na Coleta 2 (347g). Das 36 espécies encontradas, somente 11 apresentaram alguma produção de resina, onde o P. hebetatum foi responsável por 82,2% e 90,4% da produção na primeira e segunda coleta respectivamente. A quantidade de resina coletada apresentou grande variância entre as espécies, e, entre as árvores de mesma espécie, o que dificultou uma análise estatística contundente. A produção total de resina foi maior na classe de diâmetro entre 15-19,9 cm, em ambas as coletas, contudo, esta diferença foi significativa apenas na Coleta 1 (p = 0,04). Para o segundo objetivo foram selecionadas 30 árvores de Protium hebetatum com DAP entre 20 e 30 m numa área de três hectares do assentamento. Três tratamentos foram implantados: T0 = controle (somente cortes sem ethephon); T1 = aplicação de ethephon a 5% e, T2 = aplicação de ethephon a 10%. A produção foi significativamente maior (p = 0,047) nas árvores que receberam cortes e aplicação de ethephon à 10% (T2), comparadas às árvores em que foram realizados apenas cortes sem aplicação do estimulante (T0). Aparentemente, a produção natural de resina de P. hebetatum foi semelhante à produção nas árvores com cortes, sem o uso do estimulante, porém, com o uso do etephon foi possível triplicar a produção individual de resina nas árvores (g/indivíduos). Embora tenha sido constatada a vantagem produtiva por meio da aplicação do ethephon, os impactos causados pela indução de produção de resina com uso de produtos químicos ainda são desconhecidos em relação à integridade ambiental, bem como, quanto à capacidade produtiva ao longo prazo, sendo recomendáveis mais estudos com este propósito. O P. hebetatum apresentou-se como uma espécie potencial para futuros estudos de produção de resina em função de sua alta densidade.

ASSUNTO(S)

recursos florestais e engenharia florestal produto florestal não madeireiro breu resina - extração burseraceae protium

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