Problemas associados ao uso de plantas medicinais comercializadas no Mercadão de Madureira, município do Rio de Janeiro, Brasil
AUTOR(ES)
Bochner, R., Fiszon, J.T., Assis, M.A., Avelar, K.E.S.
FONTE
Rev. bras. plantas med.
DATA DE PUBLICAÇÃO
2012
RESUMO
O uso de plantas medicinais pela população brasileira é prática tradicional, sendo muitas vezes o único recurso utilizado na atenção básica de saúde. O uso terapêutico dessas plantas envolve várias etapas da cadeia produtiva, sendo a procedência, coleta, secagem, armazenamento, comércio, modo de preparo pelo usuário e uso. O objetivo desse trabalho documental, de caráter exploratório, foi levantar a produção científica existente sobre os problemas associados a cada uma dessas etapas e discutir as questões relacionadas à carência de estudos para comprovar a eficácia farmacológica e a ausência de riscos toxicológicos, bem como a prática de autodiagnóstico. As vinte plantas mais comercializadas em grande mercado do município do Rio de Janeiro em agosto de 2007 serviram de base para o levantamento documental do presente estudo. Dessas, seis apresentaram propriedades tóxicas comprovadas dependendo do preparo e uso, a arnica (Solidago chilensis Meyen), aroeira (Shinus terebinthifolius Raddi.), arruda (Ruta graveolens L.), babosa (Aloe vera L.), confrei (Symphytum officinale L.) e poejo (Mentha pulegium Lam. & DC.). A Agência Nacional de Vigilância Sanitária aponta contra indicações para boldo-do-Chile (Peumus boldus Molina), chapéu-de-couro (Echinodorus macrophyllus Micheli), erva-cidreira (Lippia alba N.E.Br.), erva-de-bicho (Polygonum spp.), espinheira-santa (Maytenus spp.), picão (Bidens pilosa L.), poejo (Mentha pulegium Lam.) e tanchagem (Plantago major L.). O abajerú, arnica, boldo-do-Chile, confrei, erva-de-bicho e espinheira-santa tiveram relato de problemas de identificação na coleta e comercialização frente a outras morfologicamente semelhantes. Plantas cultivadas e silvestres apresentam variabilidade de princípios ativos influenciados por fatores ambientais e genéticos, como chapéu-de-couro (Echinodorus macrophyllus Micheli), erva-cidreira (Lippia alba N.E.Br.) e erva-de-bicho (Polygonum spp.). A contaminação e o comprometimento da preservação dos princípios ativos pela secagem e armazenamento inadequados foram relatados para o guaco (Mikania glomerata Sprengel), camomila (Chamomilla recutita L.), erva-cidreira, chapéu-de-couro e boldo-do-Chile (Peumus boldus Molina). Pode-se constatar que todas as etapas da cadeia produtiva das plantas medicinais apresentam desafios para que se possa garantir identificação da espécie, disponibilidade, qualidade, segurança e eficácia de uso.
ASSUNTO(S)
medicina popular toxicidade cadeia produtiva das plantas medicinais
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