Prioridades globais para a conservação e características biológicas associadas ao risco de extinção em morcegos (Chiroptera:mammalia) / Global conservation priorities and biological traits related to extinction risks in bats.

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

04/03/2011

RESUMO

A perda de espécies das últimas décadas é equiparável a um evento de extinção em massa. Esse cenário enfatiza a necessidade da conservação da biodiversidade antes que ela desapareça, porém os recursos destinados a esse propósito são limitados. Sob esse contexto, identificar espécies que possuem características que as predispõe a uma maior sensibilidade a alterações ambientais pode auxiliar no entendimento de como ocorre a perda de espécies. Além disso, propostas de estratégias de conservação, a partir do conhecimento já existente sobre as espécies, são maneiras práticas de tentar minimizar a perda da biodiversidade. A grande diversidade ecológica da ordem Chiroptera, quando comparada com outros grupos de mamíferos, sugere que este pode ser um bom grupo de estudo para a pesquisa em biologia da conservação. Diante deste cenário, no Capítulo 1 utilizamos uma metodologia de pontuação que considerou quatro parâmetros para definir prioridades de conservação para morcegos: risco de extinção, endemismo, originalidade e interesse público. Posteriormente, verificamos se áreas e espécies prioritárias são cobertas por alguma área protegida. Foi também verificado se as áreas prioritárias para morcegos são mais congruentes com prioridades globais, focadas em estratégias proativas ou reativas. As três espécies com maior pontuação de prioridade de conservação foram Acerodon humilis, Acerodon jubatus e Latidens salimali. As áreas prioritárias para a conservação de morcegos estão na América do Sul, Madagascar, alguns locais na África, Austrália, Nova Zelândia e Ilhas da Indonésia. Os locais cobertos por estratégias reativas possuem maior valor de prioridade de conservação para morcegos, porém observamos tanto estratégias proativas quanto reativas, dentre as quadrículas prioritárias. Somente um quarto das quadrículas prioritárias para morcegos possuem 10% ou mais de áreas preservadas dentro dos critérios de I a IV, valor idealizado para 2010 na Convenção da Biodiversidade (CBD). Os resultados obtidos sugerem que as áreas tropicais, onde também existem mais espécies de morcegos, são as que necessitam mais atenção dos programas de conservação e grande parte destas áreas ainda não estão minimamente representadas por unidades de conservação, enfatizando a importância de investimentos para a conservação da biodiversidade nesses locais. Tanto estratégias de conservação reativas como proativas são importantes para manter a biodiversidade prioritária de morcegos, apesar das estratégias reativas serem mais representativas nas quadrículas com os maiores valores de prioridade. No Capítulo 2 verificamos se há relação entre características biológicas dos morcegos e o risco de extinção. As características utilizadas foram: massa corporal, tamanho da ninhada, tamanho do antebraço, comprimento da asa, duração da gestação e idade da maturidade sexual. Como a relação entre essas características e o risco de extinção pode estar enviesada pelas relações filogenéticas, utilizamos uma Análise de Regressão por Autovetores Filogenéticos (PVR) para retirar o componente filogenético das variáveis preditoras. Todas as variáveis abordadas, exceto duração da gestação estão estruturadas filogeneticamente. Massa corporal, tamanho do antebraço, comprimento da asa e tamanho da ninhada estão relacionados com o risco de extinção. Sendo que maiores valores residuais para massa corporal e tamanho do antebraço estão relacionados com o risco de extinção e menores valores residuais para comprimento da asa e tamanho da ninhada estão mais relacionados com o risco de extinção. Menores comprimentos da asa como preditor do risco de extinção pode estar associado com a maior capacidade de locomoção de espécies com maiores asas. A massa corporal é uma característica comumente associada com o risco de extinção, e essa relação pode ser explicada através da relação desta variável com características relacionadas a uma história de vida lenta, maior ameaça das espécies maiores devido a caça, maior aquisição de recursos do ambiente ou maior área de vida. Apesar do pequeno tamanho corporal em mamíferos ser associado com menor risco de extinção, os morcegos ao contrário da maioria dos mamíferos de pequeno porte, possuem história de vida lenta, fator que aumenta a predisposição de espécies à extinção. Os resultados deste estudo mostram que é possível utilizar características intrínsecas das espécies para predizer o risco de extinção, e isso pode ser útil para estabelecer estratégias de conservação para espécies classificadas como Deficientes de Dados, pois devido a suas características elas podem ser aproximadas das espécies ameaçadas ou não ameaçadas. Além disso, é possível propor estratégias para estabelecer prioridades de conservação de forma simples através da metodologia de pontuação, apesar da arbitrariedade dessa metodologia ao definir as pontuações para cada parâmetro.

ASSUNTO(S)

chiroptera risco de extinção endemismo originalidade taxonômica Áreas protegidas e características bionômicas. ciencias biologicas 1. morcegos-extinção chiroptera endangered species endemism taxonomic originality protected areas and life history traits.

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