PREVENÇÃO DOS EFEITOS TÓXICOS DO CLORETO DE MERCÚRIO EM RATOS JOVENS PELO CLORETO DE ZINCO: PAPEL DAS METALOTIONEÍNAS / PREVENTION OF THE TOXIC EFFECTS OF MERCURY CHLORIDE IN YOUNG RATS BY ZINC CHLORIDE: THE ROLE OF METALLOTHIONEINS

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2006

RESUMO

O zinco, o cádmio e o mercúrio são metais divalentes pertencentes ao mesmo grupo da tabela periódica. O primeiro é um metal essencial e os demais são metais tóxicos. A característica comum mais notável entre eles é a capacidade de induzir à síntese de metalotioneínas (MT), que ocorre em dois órgãos vitais envolvidos na destoxificação, fígado e rins. A principal função das MT é a destoxificação de metais pesados e a regulação da homeostase de metais essenciais, como cobre e zinco. Há muitos estudos sobre a toxicidade do mercúrio e sobre o papel das MT em animais adultos. Entretanto, a sensibilidade de animais em desenvolvimento a vários compostos difere daquela observada em adultos e pode estar relacionada a diferentes intervalos pós-natais de desenvolvimento. O objetivo desta investigação foi verificar os efeitos dos pré-tratamentos com CdCl2 e ZnCl2 sobre os efeitos deletérios do HgCl2 em ratos jovens e investigar se as MT estão envolvidas neste mecanismo de proteção. Ratos de três dias de idade foram injetados com uma dose diária (s.c.), nos cinco dias consecutivos, de salina, CdCl2 (3,7 mg/kg) ou ZnCl2 (27,0 mg/kg). Nos cinco dias subseqüentes os animais foram injetados com uma dose diária (s.c.) de salina ou HgCl2 (5,0 mg/kg). Os animais foram sacrificados 24 h após a última dose e as amostras foram coletadas (sangue, figado e rins). Os pesos corporal e renal, a atividade da porfobilinogênio sintase (PBG-sintase) hepática e renal, a atividade da alanina aminotransferase, a creatinina, a uréia, a glicemia e a retenção do metal tóxico pelos tecidos foram significativamente alterados pelo HgCl2. A exposição prévia ao CdCl2 preveniu o efeito do mercúrio sobre a PBG-sintase renal, mas não alterou os níveis de mercúrio nos tecidos. Em geral, os efeitos do mercúrio foram prevenidos ou atenuados pelo zinco, exceto que o pré-tratamento com zinco aumentou o acúmulo de metal pesado nos rins e não modificou o aumento do peso renal induzidos pelo mercúrio. O conteúdo de MT foi aumentado pelos tratamentos com mercúrio e zinco e a sua maior elevação foi induzida pelo zinco. A distribuição de metal nas frações subcelulares mostrou que em ambas, fração insolúvel (FI) e fração citosólica tratada a quente (CTQ), os conteúdos foram modificados pelos tratamentos. Embora a fração CTQ seja rica em MT, os maiores conteúdos de zinco e mercúrio foram verificados na FI de todos os tecidos analisados. As relações entre MT e metais na fração CTQ revelaram que nos tecidos hepático e renal sempre que há um aumento nos teores de metal, há um aumento no conteúdo de MT. A redução dos níveis de mercúrio hepático e sangüíneo e o aumento do conteúdo desse metal nos rins induzidos pelo zinco sugerem que o metal pesado contido no fígado é transportado para os rins pelo sangue. Esse processo também pode estar carreando MT do fígado para os rins. Além disso, é importante salientar que em células em proliferação, o que ocorre durante o crescimento acelerado, há MT nos núcleos e nas mitocôndrias. Desse modo, o alto conteúdo de mercúrio encontrado na FI, fração rica em núcleos e mitocôndrias, também estaria associado às MT. Considerando que o pré-tratamento com zinco induziu a um aumento de 80% no conteúdo de MT renal e o grupo tratado com zinco e mercúrio apresentou um conteúdo 25% maior de metal tóxico nessa proteína do que aquele verificado no grupo que foi tratado somente com mercúrio, esses resultados sugerem que as MT são, pelo menos em parte, responsáveis pela redução da toxicidade do mercúrio verificada em vários parâmetros analisados nesse trabalho.

ASSUNTO(S)

cádmio ratos em desenvolvimento mercury cadmium mercúrio renal toxicity metallothioneins zinco toxicidade renal developing rats zinc metalotioneínas bioquimica

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