Prevalência e fatores de risco da anemia ferropriva em crianças e adolescentes em idade escolar.
AUTOR(ES)
Luciara Leite Brito
DATA DE PUBLICAÇÃO
2002
RESUMO
A anemia ferropriva é a deficiência nutricional de maior prevalência no mundo, afetando especialmente as populações dos países em desenvolvimento. Dentre os grupos com maior risco de apresentar essa deficiência encontram-se os indivíduos em idade escolar. A proposta do presente trabalho é contribuir para o conhecimento da magnitude e dos fatores de risco da anemia em crianças e adolescentes em idade escolar. Os resultados desta investigação estão apresentados em três artigos: o primeiro teve o propósito de revisar estudos que buscaram conhecer a magnitude da anemia e seus determinantes em crianças e adolescentes em idade escolar no Brasil; o segundo, o de estudar a prevalência e os fatores de risco da anemia ferropriva, com ênfase nos fatores alimentares; e o terceiro, o de investigar o papel das infecções múltiplas por Schistosoma mansoni e geohelmintos intestinais (A. lumbricoides, Trichuris trichiura e ancilostomídeos) na ocorrência da anemia ferropriva. O segundo e o terceiro artigo apresentam os resultados de estudo transversal realizado no município de Jequié, Estado da Bahia, com 1.709 indivíduos, na faixa etária de 7 a 17 anos. Nesta investigação, foram obtidos os seguintes dados: níveis de hemoglobina (mensurados utilizando-se o hemoglobinômetro portátil), consumo alimentar (método de inquérito recordatório de 24 horas), condições ambientais e domiciliares, renda e escolaridade dos responsáveis. Conforme descrito no artigo1, constatou-se que os estudos disponíveis não possibilitam delinear a tendência da anemia em crianças e adolescentes em idade escolar no Brasil, porém evidenciam que: a anemia em indivíduos nessa faixa etária é um importante problema de saúde pública; o feijão, as carnes e as frutas são os alimentos cuja ingestão não habitual se associa à ocorrência dessa deficiência em escolares; o comprometimento dos níveis de hemoglobina ocorre em função do grau de infecção pelos helmintos. No artigo 2, verificou-se que no município de Jequié 32,2% das crianças e adolescentes em idade escolar eram anêmicos. Na análise multivariada, mostraram-se significativamente associadas à anemia a renda familiar per capita abaixo de um quarto do salário mínimo, o sexo masculino, a faixa etária de 7 a 9 anos. Constatou-se que a ingestão inadequada de ferro biodisponível esteve associada à anemia. Este resultado leva à suposição de que a alimentação constitui um fator crítico na determinação da anemia na população de crianças em idade escolar deste estudo. No artigo 3, verificou-se que a associação da anemia com as infecções múltiplas nas formas leve e moderada se tornou significativa com o aumento do número de espécies parasitárias e da intensidade das infecções pelos geohelmintos, porém apenas quando o consumo dietético de ferro biodisponível foi inadequado. Entretanto, não foi possível discriminar qual dos dois, se as infecções helmínticas múltiplas ou a inadequação do consumo de ferro, tiveram papel mais relevante na determinação da anemia na população estudada. Contudo, conclui-se que a ocorrência da inadequação do consumo de ferro biodisponível aliada ao maior número de espécies parasitárias e intensidade de infecções por geohelmintos resultou em maior ocorrência da anemia.
ASSUNTO(S)
infecções parasitárias hemoglobina epidemiologia nutrição anemia
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