Prevalência e fatores associados à nefropatia diabética em pacientes com diabetes mellitus tipo 1

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2007

RESUMO

A nefropatia diabética (ND) é uma complicação comum em pacientes com diabetes mellitus tipo 1 (DM1), sendo responsável por grande morbi-mortalidade. A detecção de fatores de risco para o desenvolvimento dessa complicação é importante para o planejamento de estratégias de prevenção, principalmente na faixa etária pediátrica. Os objetivos desse trabalho foram avaliar a prevalência de nefropatia diabética em crianças e adolescentes com diabetes mellitus tipo 1 atendidos no Hospital das Clínicas da UFMG e determinar a relação entre ND e fatores de risco como grau de controle glicêmico, concentrações plasmáticas de lípides, níveis de pressão arterial (PA) e presença de retinopatia diabética. Trata-se de estudo retrospectivo que analisou os seguintes dados obtidos dos prontuários médicos: data de nascimento, sexo, idade ao diagnóstico do DM1, idade e tempo de diabetes na última avaliação, presença de retinopatia diabética, níveis de PA, controle glicêmico através da dosagem de hemoglobina glicada, presença de microalbuminúria ou proteinúria em urina de 24h, dosagens de creatinina, colesterol total (CT), colesterol LDL (LDL-c) e triglicérides. Os pacientes foram agrupados de acordo com a presença de microalbuminúria, proteinúria, doença renal crônica (DRC) ou ausência de alteração renal. Durante o período de seguimento, com uma duração média de DM1 de 11 ± 4 anos, foram avaliados 205 pacientes. Desses, 23 pacientes (11,2%) desenvolveram microalbuminúria, 14 pacientes (6,8%) desenvolveram proteinúria e 6 pacientes (2,9%), DRC. A idade média dos pacientes ao diagnóstico do DM1 foi de 6 ± 3,5 anos. Os pacientes com alterações renais apresentaram um tempo de DM1 maior que os sem acometimento renal. Os pacientes normoalbuminúricos, com microalbuminúria, proteinúria e DRC apresentaram, respectivamente, tempo de DM1 de 10,8 anos, 12,6 anos (p= 0,03), 14,0 anos (p= 0,004) e 15,0 anos (p= 0,008). Em relação ao controle glicêmico, os indivíduos com proteinúria apresentaram média de hemoglobina glicada maior que os normoalbuminúricos (p = 0,0002), revelando associação entre grau de controle glicêmico em longo prazo e presença de proteinúria. Não foi encontrada associação entre grau de controle glicêmico e presença de microalbuminúria e DRC. Em relação ao perfil lipídico, esse estudo revelou associação entre aumento do CT (p= 0,003), LDL-c (p= 0,003) e triglicérides (p= 0,03) e presença de proteinúria. O CT (p= 0,005), LDL-c (p= 0,005) e triglicérides (p= 0,007) também foram significativamente mais elevados nos pacientes com DRC. Não foi detectada relação entre a concentração de lípides e microalbuminúria. Encontrou-se também associação entre hipertensão arterial sistêmica (HAS) e alteração renal e entre a presença de retinopatia diabética e o acometimento renal. De modo geral, mais de 20% das crianças e adolescentes apresentaram algum grau de ND. Maior tempo de DM1, controle glicêmico inadequado, valores mais elevados de lípides e presença de HAS e de retinopatia diabética parecem estar relacionados ao desenvolvimento de ND nesses pacientes.

ASSUNTO(S)

nefropatias diabéticas/complicações decs albuminuria decs nefropatias diabéticas/epidemiologia decs hipertensão decs criança decs proteinuria decs glicemia decs diabetes mellitus tipo 1/complicações decs

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