Prevalência do uso de chupeta no Brasil e fatores associados

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2007

RESUMO

Introdução - A chupeta é um bem de consumo de preço acessível e de acesso fácil. Sua utilização é amplamente difundida e estimulada pelos pais frente ao choro da criança, entretanto, seus riscos e benefícios são debatidos. Por um lado, o hábito de sucção acalma as crianças, há indícios de que protege contra a síndrome da morte súbita do lactente, acelera a transição para a alimentação oral em recém-nascidos prematuros alimentados através de sonda nasogástrica e alivia o desconforto provocado pelo nascimento dos dentes. Entretanto, o uso de chupeta pode levar a más formações dentárias, afetar o padrão de crescimento facial, levar a uma maior incidência de episódios de otite média aguda e de outras infecções, causar acidentes, além de estar associado a menor duração do aleitamento materno. Como o uso de chupetas pode interferir no estado de saúde da criança de diversas formas, é importante conhecer a prevalência deste hábito na população brasileira assim como os fatores associados. Objetivos - Estimar prevalências do uso de chupeta no Brasil, nas regiões e nas capitais, em 1999, e investigar os fatores associados ao uso de chupeta. Material e método - Estudo transversal, de base populacional, com aplicação de questionário validado em grupo de mães, selecionadas por meio de amostragem sistemática, presentes à segunda etapa da Campanha de Vacinação em 16 de outubro de 1999, cujos filhos tinham menos de um ano de idade. Das 48.047 entrevistas, 39.156 foram consideradas válidas para o estudo. Estimou-se por proporções a prevalência do uso de chupeta por localidade e ajustou-se modelo de regressão logística para investigar os fatores associados ao uso de chupeta. Os cálculos foram feitos com o programa SAS. Resultados - A prevalência do uso de chupeta no país foi 53,2 % (IC 95%: 52,8 a 53,7). A Região que apresentou a maior prevalência foi a Sul, 63,5% (IC 95%: 62,1a 64,9) e a menor, a Região Norte, com 42,1% (IC 95%: 41,1 a 43,0). A partir de modelo de regressão logística, os fatores associados estatisticamente ao uso de chupeta no Brasil foram: a idade da mãe, a idade da criança, o grau de instrução, o sexo da criança, o aleitamento exclusivo, o aleitamento artificial, o uso de mamadeira, o trabalho materno fora do lar, o alojamento conjunto e a região geográfica. Conclusão - Em relação ao estudo de prevalência, foram encontradas grandes diferenças regionais entre as prevalências de uso de chupeta no país, e destaca-se que as regiões mais desenvolvidas (Sul e Sudeste) apresentam prevalências mais altas de uso de chupeta. A comparação com outros estudos, todavia, é bastante limitada, uma vez que a definição do indicador "uso de chupeta" varia conforme o estudo, em relação à idade de mensuração. O indicador utilizado pela OMS resume-se à "prevalência de chupeta" (pacifier rate) e não especifica a idade da criança. Existe a necessidade da padronização do indicador e da definição de parâmetros que permitam comparações com diversos estudos. Quanto ao estudo de associação, após o ajuste do modelo de regressão logística, verificou-se que os fatores relacionados à maior probabilidade do uso de chupeta são: (1) com relação às características das crianças: mais velhas, do sexo masculino; (2) com relação às características alimentares: não estão em aleitamento exclusivo, fazem uso de alimentação artificial e usam mamadeira; (3) com relação às características relacionadas ao parto: não foram alojadas junto às mães após o parto; e (4) com relações às características maternas: trabalham fora, mais velhas, menor grau de instrução e residem na região Sul. Apesar de o delineamento do estudo não permitir conclusões a respeito da maioria das possíveis relações de causalidade entre as associações encontradas, a simples verificação da existência de tais associações identifica grupos com maior probabilidade de uso de chupeta, o que fornece subsídios para que o profissional da saúde possa intervir mais intensamente para diminuir a morbidade infantil e para que o desmame não ocorra.

ASSUNTO(S)

psicologia infantil ciencias da saude crianças - saúde pais e lactentes

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