Prevalência do transtorno depressivo maior em pacientes com Hepatite C crônica e características psicométricas de instrumentos diagnósticos para o rastreamento de quadros depressivos

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

29/02/2012

RESUMO

Introdução: a hepatite C representa importante problema de saúde pública no Brasil e no restante do mundo. Estima-se que 130 a 170 milhões de pessoas estejam infectadas pelo vírus da hepatite C (HCV) em todo o mundo. Além das manifestações hepáticas, diversas manifestações extra-hepáticas são comuns e ocorrem em até 40% dos pacientes, incluindo sintomas neuropsiquiátricos. Objetivo: avaliar a prevalência de comorbidades psiquiátricas em pacientes com hepatite C, com ênfase no transtorno depressivo maior (TDM) em pacientes atendidos em um Centro de Referência para Hepatites Virais Ambulatório de Hepatites Virais do Instituto Alfa de Gastroenterologia do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais. Avaliar as características psicométricas das escalas HDRS e HADS para o diagnóstico/rastreamento de depressão em pacientes com hepatite C crônica. Metodologia: no período entre fevereiro de 2010 e dezembro de 2011 foram prospectivamente submetidos 134 pacientes com hepatite C crônica (57 do sexo masculino e 77 do sexo feminino) à identificação de transtornos psiquiátricos, em especial o TDM, foi feita por meio de entrevista estruturada M.I.N.I. Plus v 5.0.0. Compararam-se fatores clínicos, laboratoriais e sociodemográficos associados em grupos de pacientes com e sem depressão, avaliando-se, também, a confiabilidade e consistência interna das escalas de depressão HDRS e HADS. Resultados: a média de idade dos pacientes englobados no estudo foi de 53 ± 11 anos. O tempo médio de diagnóstico da infecção pelo HCV foi de 23 ± 10,1 anos. Apresentavam comorbidade clínica no momento da avaliação 69 pacientes (53,1%). O transtorno psiquiátrico mais frequente nos pacientes com hepatite C crônica foi o TDM (n=41; 30,6%), seguido pelos transtornos ansiosos: transtorno de ansiedade generalizada (n= 11, 8,2%) e transtorno de pânico (n=4; 3,0%). Na análise multivariada os fatores que se correlacionaram com transtorno depressivo maior foram: história de TDM no passado (RP=2), transtornos de ansiedade (RP=2,5) e diabetes (RP=1,9). Idade >60 anos mostrou-se fator de proteção (RP=0,35). A subescala (HAD)-D apresentou boa concordância (Kappa = 0,639) e área sob a curva ROC de 0,903. A subescala HAD-A apresentou concordância razoável (índice Kappa=0,540) e área sob a curva ROC de 0,859. Ambas as subescalas apresentaram baixa sensibilidade (67,6 e 56,7%, respectivamente) e alta especificidade (93,2%), com ponto de corte 8. A escala HDRS apresentou boa concordância (Kappa= 0,664) e área sob a curva ROC excelente (0,931). A sensibilidade e especificidade foram, respectivamente, 91,9% e 80,0%. O ponto de corte com melhor sensibilidade/especificidade segundo a análise da curva ROC foi 6. Conclusão: o TDM foi o diagnostico psiquiátrico mais frequente em pacientes com hepatite C crônica e está significativamente associado a transtornos ansiosos, ao diabetes e à história prévia de TDM. As escalas HDRS e HADS apresentaram boa concordância com o diagnóstico do TDM. A HDRS pode ser interessante em pesquisas clínicas, mas possui como dificultador depender de um avaliador com experiência em transtornos de humor. A HADS, apesar da baixa sensibilidade, tem mais aplicabilidade no contexto clínico, por ser autoaplicável e de curta duração.

ASSUNTO(S)

neurociências teses. neurologia teses.

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