Prevalência do refluxo gastroesofágico em pacientes cirróticos com varizes de esôfago sem tratamento endoscópico

AUTOR(ES)
FONTE

Arquivos de Gastroenterologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

2007-06

RESUMO

RACIONAL: A hipertensão porta que acomete os pacientes com cirrose hepática é causa de varizes de esôfago, ascite e edema. Alguns estudos têm sido realizados para avaliar a importância das varizes de esôfago no desenvolvimento dos distúrbios motores esofagianos e do refluxo gastroesofágico anormal neste grupo de pacientes. A ascite pode ser um fator promotor de refluxo gastroesofágico e tem sido questionado se o refluxo anormal poderia favorecer a rotura das varizes de esôfago. Entretanto, são poucos os estudos que utilizam a pHmetria esofagiana prolongada ambulatorial na avaliação destes pacientes. OBJETIVO: Avaliar a presença de refluxo anormal a pHmetria esofagiana prolongada ambulatorial em pacientes cirróticos com varizes de esôfago e seus possíveis fatores preditivos. MÉTODOS: Cinqüenta e um pacientes (28 homens, 23 mulheres, média de idade de 54 anos) com cirrose hepática diagnosticada por métodos clínicos, laboratoriais, de imagem e histopatológicos foram avaliados de forma prospectiva. Todos os pacientes apresentavam varizes de esôfago à endoscopia digestiva alta e foram submetidos a um questionário para avaliação da presença de sintomas típicos da doença do refluxo gastroesofágico (pirose e/ou regurgitação ácida). pHmetria esofagiana prolongada ambulatorial foi realizada posicionando-se o cateter 5 cm acima do limite superior do esfíncter esofagiano inferior, determinado previamente pela esofagomanometria. Refluxo anormal (% tempo total com pH < 4 >4,5%) foi relacionado com o tamanho das varizes, gastropatia congestiva, ascite, gravidade da cirrose e presença de sintomas típicos da doença do refluxo gastroesofágico. RESULTADOS: O calibre das varizes foi considerado pequeno em 30 pacientes (59%), médio em 17 (33%) e grosso em 4 (8%), 21 (41%) gastropatia congestiva. Ascite foi observada em 17 (33%); 32 pacientes (63%) foram classificados com Child-Pugh A, 17 (33%) Child-Pugh B e 2 (4%) Child-Pugh C. Vinte e sete pacientes (53%) apresentavam sintomas típicos da doença do refluxo gastroesofágico. Refluxo anormal a pHmetria esofagiana prolongada ambulatorial foi demonstrado em 19 pacientes (37%). Apenas um deles apresentava esofagite erosiva à endoscopia digestiva alta. Não houve relação entre ascite, calibre das varizes, gastropatia congestiva e classificação de Child-Pugh com refluxo anormal. Houve correlação entre a presença dos sintomas típicos da doença do refluxo gastroesofágico e refluxo anormal. CONCLUSÃO: Refluxo anormal foi demonstrado em 37% dos pacientes com cirrose hepática e varizes de esôfago. Apenas os sintomas típicos foram preditores de refluxo anormal.

ASSUNTO(S)

refluxo gastroesofágico cirrose hepática varizes esofágicas e gástricas

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