Prevalencia de obesidade em alunos da Faculdade de Ciencias Medicas da Universidade Estadual de Campinas e avaliação metabolica de filhos magros de pais obesos com clamp euglicemico hiperinsulinemico

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2002

RESUMO

A obesidade é considerada doença crônica e relaciona-se a várias outras patologias como doenças cardiovasculares, hipertensão arterial e diabetes mellitus tipo 2, e tem alta morbi-mortalidade. Sua prevalência e incidência têm aumentado em números alarmantes, sendo considerada uma epidemia. Apresenta etiologia multifatorial e complexa, englobando fatores genéticos, psico-sociais e ambientais. Do ponto de vista metabólico, é caracterizada por resistência à insulina e hiperinsulinemia. Filhos saudáveis de pacientes diabéticos e de hipertensos apresentam algumas das alterações presentes nestas doenças. Assim, é possível que em filhos de obesos estejam presentes anormalidades da ação da insulina ou da sua secreção. A primeira etapa do presente trabalho avaliou a prevalência de obesidade entre alunos da Faculdade de Ciências Médicas da UNICAMP e entre seus pais, através de questionário respondido pelos alunos (n=333). Observamos menor prevalência de obesidade entre os alunos (sobrepeso: 10,5%; obesos: 1,2%) e maior entre os pais (sobrepeso: 47,5%; obesos: 14%), em comparação aos dados nacionais do Ministério da Saúde. Constatamos correlação direta entre os IMCs de todos os alunos com os IMCs dos seus genitores, como descrito em outros estudos previamente. A correlação dos IMCs dos pais ou das mães com os IMCs dos alunos e alunas foi realizada separadamente e não foi observada apenas entre pais e alunas. Na segunda etapa, realizamos estudo metabólico em 42 indivíduos magros sadios (21 filhos de obesos, FOB, 21 filhos de magros, FMAG). Peso, altura, cintura e quadril, massa magra (avaliada por impedanciometria bioelétrica) e as curvas glicêmicas e insulinêmicas no teste oral de tolerância à glicose eram semelhantes. Dentre esses voluntários, 16 FOB e 14 FMAG foram submetidos ao clamp euglicêmico hiperinsulinêmico associado à calorimetria indireta no período basal e durante infusão de insulina (7pmol/kg.min). Os grupos FOB e FMAG não diferiram quanto à sensibilidade à insulina, avaliada pela infusão total de glicose, (M = FOB=41,5:t8,4 vs. FMAG=47,5:t17, 1 ~ol/min.kgFFM). Os voluntários apresentaram inibição das oxidações de lipídios e proteínas, similares às descritas em trabalhos anteriores. Contudo não existiram diferenças significativas entre os grupos. A oxidação de glicose aumentou significativamente e não foram observadas diferenças estatisticamente significativas desta e da utilização não oxidativa de glicose, NOGD, entre os grupos. Durante o período clamp, foi observada uma redução na secreção de insulina, avaliada através do peptídeo-C no soro. Esta reposta foi semelhante nos grupos estudados e relacionada à sensibilidade à insulina (r=-0,49; p=O,Ol). O gasto energético, coeficiente respiratório e aumento de gasto calórico durante o clamp, relativo ao período basal, não diferiram entre os grupos. Este aumento foi diretamente relacionado à sensibilidade à insulina (r=0,72; p=O,OOOl)e à UNOG (r=O,62; p=O,0006). Embora a contribuição de fatores genéticos tenha sido demonstrada na obesidade, neste estudo não foram observadas diferenças na ação e secreção de insulina entre filhos magros de pais obesos ou de pais magros. Algumas das características metabólicas da resistência à insulina presente em obesos foram observadas nos voluntários deste estudo (todos com !MC normal). Além disto, a primeira fase do estudo sugeriu uma prevalência muito alta de obesidade ou sobrepeso entre os pais. Desta forma, a hipótese de um componente genético na obesidade ou na síndrome metabólica ainda permanece, todavia não pôde ser demonstrada

ASSUNTO(S)

resistencia a insulina metabolismo composição corporal antropometria indice de massa corporal obesidade calorimetria peso corporal

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