Prevalência de depressão perinatal e fatores associados / Prevalence of perinatal depression and associated factors

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2011

RESUMO

Objetivos: Este estudo propõe a realizar uma revisão sitemática da literatura científica internacional sobre a prevalência de Depressão Pós-Parto (DPP) e Depressão Gestacional (DG) e uma investigação prospectiva da ocorrência destas condições no contexto de dois serviços de saúde de referência para a atenção materno-infantil nas cidades de Recife (PE) e de Campinas (SP) e identificar fatores associados a essa ocorrência. Método: Para o primeiro objetivo do estudo, foi realizada uma ampla busca na literatura científica internacional nos bancos de dados eletrônicos por artigos publicados de 2000 a junho de 2010, sem restrição de língua, e com buscas manuais de referências secundárias. Incluímos estudos originais de corte transversal, coorte, caso-controle, ensaios controlados aleatorizados e análises de banco de dados. Excluíram-se estudos que usaram populações específicas ou com limitações metodológicas. Para o segundo objetivo foi realizado um estudo de coorte prospectivo, com duas abordagens transversais consecutivas, onde 266 gestantes dos dois centros foram incluídas e estratificadas por possíveis fatores de risco, com a ocorrência de depressão avaliada em dois diferentes tempos, no início do terceiro trimestre da gestação e entre 4 a 6 semanas de puerpério. Foram incluídas mulheres grávidas no início do terceiro trimestre da gestação (entre 30 a 35 semanas) que estavam dispostas a retornar para as avaliações puerperais ou serem contatadas por telefone. O desfecho principal foi a ocorrência de escore EPDS (Edinburgh Postnatal Depression Scale) ?12. Os possíveis fatores de risco para DPP foram avaliados nos dois grupos (com e sem depressão), sendo estimadas as razões de prevalência com seus respectivos IC95%. Resultados: Para a revisão sistemática, 487 artigos foram revisados e 102 incluídos. A prevalência de DG foi de 12,93% (IC99% 12,64-13,22) com base em 86.637 mulheres. A prevalência de DPP foi de 12,61% (IC99% 12.36-12.86) baseada em 120.936 mulheres. Não houve diferença significativa na prevalência usando instrumentos de rastreamento ou diagnóstico. Os países em desenvolvimento tiveram uma prevalëncia global de DPP que foi o dobro dos países desenvolvidos. Houve também uma tendência significativa na diminuição da prevalência com o aumento do tamanho amostral. No segundo estudo completaram as duas entrevistas 170 mulheres em Recife e 96 em Campinas. A prevalência de depressão foi 30,1% na gestação e 10,2% no puerpério. Os fatores associados com a depressão gestacional foram a menor escolaridade (RP 2,08; IC95% 1,01-4,31), baixa classe econômica (1,98; IC95% 1,12-3,53) e ausência do companheiro (1,84; IC95% 1,24-2,74). Os fatores associados com a DPP foram a cor da pele não branca (2,63; IC95% 1,10-6,29), a ausência de um companheiro (2,87; IC95% 1,37-6.04) e a ocorrência de violência psicológica (2,96; IC95% 1,46-5,98) ou sexual (5,08; IC95% 1,21-21,28). O desempenho do escore anteparto alterado como preditor de alteração do pós-parto apresentou sensibilidade de 81,5%, especificidade de 75,7% e valor preditivo positivo de 97,3%. Não houve diferença no escore entre os centros em nenhum dos períodos analisados. Conclusões: A revisão sistemática enfatizou a necessidade de se ampliar o foco da pesquisa quando se trata de rastreamento e diagnóstico de DPP, considerando que uma perspectiva global possibilitou valiosas recomendações sobre a condição. Os dados do presente estudo mostram que a prevalência de DPP é de cerca de 10% e se relaciona com condições sócio demográficas desfavoráveis. Além disso, sugere que é factível a utilização da escala de Edimburgo para triagem de mulheres no pré-natal que possam vir a apresentar DG ou DPP

ASSUNTO(S)

revisão sistemática depressão gravidez puerpério fatores de risco systematic review depression pregnancy postpartum period risk factors

Documentos Relacionados